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Abre nesta segunda-feira a bilheteria do Theatro da Paz, para o X Festival de Ópera, promovido Secretaria de Estado de Cultura (Secult), com estreia no dia 8 de novembro, e extensa programação – será quase um mês de apresentações – que promete ser a mais paraense de todas montadas até hoje.

“Ganhamos maioridade. Ao longo destes 10 anos, gradativamente fomos aprendendo a fazer ópera. Hoje somos capazes de produzir grandes espetáculos, do começo ao fim, sem a ajuda de ninguém”, afirma Gilberto Chaves, coodenador geral e também diretor artístico do Festival, junto com o cantor e maestro Mauro Wrona.

Segundo Chaves, a postura de instrumentalizar os técnicos e artistas paraenses, de forma contínua, para a produção de grandes espetáculos foi adotada já no primeiro Festival, em 2002, quando o Theatro da Paz foi reinaugurado, após uma longa obra de restauração. “Naquela época não sabíamos nem confeccionar as roupas ou operar de forma adequada o sistema de iluminação. Mas fizemos questão de usar técnicos e artistas paraenses em todas as atividades, para que todos fossem aprendendo. Hoje a situação é completamente diferente. Ao longo desses anos aprendemos tudo o que podíamos”, afirma.

Ele conta que dos 350 profissionais envolvidos na realização dos espetáculos deste ano, 90% são paraenses, ocupando as mais diversas atividades – maestros, músicos, cantores, cenógrafos, coreógrafos, iluminadores, etc. As duzentas diferentes indumentárias exigidas pelos espetáculos do Festival, por exemplo, foram confeccionadas por um grupo de vinte costureiros comandados pelo paraense Hélio Alvarez. E todos os cenários, que antes vinham de fora, foram criados e montados em Belém, sob a liderança e coordenação do artista plástico Fernando Pessoa.

“É claro que continuaremos a trazer profissionais de fora, até porque esse intercâmbio permanente faz parte do funcionamento de mundo da ópera. Há cantores e técnicos convidados. Mas não podemos esquecer que os paraenses também estão sendo chamados para se apresentar nos maiores palcos de todo o mundo. Os três principais cantores líricos brasileiros em ascensão internacional, como Atala Ayan (que está em Stuttgart), Adriane Queiroz (residente em Berlim) e Carmen Monarca, que acaba de fazer uma longa turnê européia atuando com André Rieu”, são paraenses”, comenta Gilberto Chaves.

Programação
O Festival será aberto com “Tosca”, dia 8 de novembro (reapresentações dias 10 e 12), que terá participações de Rodrigo Esteves, Silviane Bellato e Eric Herrero nos papéis principais, além de Cesare Angelotti (former Consul of the Roman Republic), Jefferson Luz (a police agent), Saulo Javan (A Sacristan Spoletta), Antônio Wilson Azevedo (A Jailer), Ytanaã Figueiredo (A Shepherd boy), Raimundo Mira e Thaina Souza. A obra terá a presença de dois corais: o Coral Lírico do Festival de Ópera do Theatro da Paz e o Coral Infanto-juvenil Vale Música.

“A escolha da obra de Puccini para a abertura não foi minha, mas sim do próprio secretário Paulo Chaves”, conta Gilberto. E o motivo dessa escolha é o fato de Tosca abordar um tema sempre atual. “Independentemente da trama romântica, a obra possui um fundo político, com tortura para obter confissões, suicídios, um julgamento sumário e sem direito de defesa, culminando com fuzilamento covarde e pusilânime. Com esses e outros elementos dramáticos impactantes, Puccini imprime à sua partitura uma tensão de tirar o fôlego”, diz Gilberto. Nesta produção, o maestro Carlos Moreno conduz a Orquestra do Theatro da Paz, com direção cênica de Mauro Wrona, figurinos de Elena Toscano e cenários de Fernando Pessoa.

“Vamos fazer uma montagem tradicional de Tosca, seguindo rigorosamente as anotações cênicas que Puccini fez na partitura da ópera”, relata Mauro Wrona, ressaltando que provavelmente Puccini é o compositor operístico que mais detalhou as posturas e atitudes de cada cantor no palco. Wrona conta ainda que encomendou a Fernando Pessoa cenários rigorosamente realísticos, já que os três ambientes utilizados em Tosca referem-se a locais que efetivamente existem. “Esse é o nosso desafio: montar uma Tosca exatamente como Puccini imaginou sua obra em cena”, relata Wrona.

No dia 16 é a vez de um espetáculo inédito, dedicado exclusivamente aos balés que existem em muitas óperas famosas. Com coreografia de Ana Hunger, os bailarinos se apresentarão com roupas confeccionadas especialmente para o espetáculo, e ao som da Orquestra do Theatro da Paz. Trata-se de um fato inédito, porque geralmente os shows que mostram balés de óperas são feitos com a utilização de sons mecânicos.

Um concerto lírico, com a Orquestra Jovem Vale Música será regido por Filippe Forget, no dia 22. No dia 23, a soprano Laura de Souza, o barítono Rodolfo Giugliani, e o pianista Paulo José Campos de Melo realizam um Recital Operístico, com iluminação cênica de Lucas Gonçalves e Rubens Almeida.

No dia 26 estréia a versão encenada de Carmina Burana, dirigida por Maria Sylvia Nunes, sob a regência de Miguel Campos Neto, tendo Lyz Nardotto, Federico Sanguinetti e Flavio Leite como solistas. Segundo Gilberto Chaves, a peça de Carl Orff, estreada em 1937, foi o desafio escolhido para o Festival deste ano. “Escrita como cantata cênica, tornou-se célebre na sua versão de concerto e, ao executá-la na forma teatral, entramos no delicado terreno da aventura e da ousadia: dar vida a textos compostos por trovadores, monges lúbricos desgarrados, bêbados e vagabundos de toda espécie que cantam, poética e livremente, as mutações que envolvem a natureza e a interação que esta provoca nos homens”, afirma.

Além disso, outro fato torna Carmina Burana uma apresentação especial: a direção de Maria Sylvia Nunes. Ágil e inquieta, Maria Sylvia, aos 81 anos, é um verdadeiro mito no Pará – a ponto de ter sido homenageada com seu nome o moderno teatro instalado no complexo turístico da Estação das Docas. Maria Sylvia foi a pioneira do teatro amador paraense na década de 50 e fundou a escola de teatro da Universidade Federal nos anos 60.

Entre seus feitos notáveis, há um que pouca gente conhece: ela dirigiu, em Recife, a primeira montagem teatral de “Morte e Vida Severina”, do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. As músicas originais utilizadas no espetáculo não foram as de Chico Buarque de Holanda, escritas posteriormente. As músicas do espetáculo de estréia de “Morte e Vida Severina” foram compostas por Waldemar Henrique – cujas partituras desapareceram e não foram encontradas até hoje.

Oficinas de figurino e iluminação, um master class de canto, assim como uma palestra do jornalista e especialista em óperas Sérgio Casoy sobre a obra de Puccini, completam a programação, que se encerra dia 3 de dezembro com um grande concerto ao ar livre, unindo duas orquestras, três corais e os principais cantores dos espetáculos apresentados durante o mês de novembro.

Preços – As bilheterias do Theatro da Paz estarão abertas para a venda de ingressos dos espetáculos do X Festival de Ópera a partir desta segunda-feira, 31 de outubro.

Os ingressos para a ‘Tosca’ (08, 10 e 12 de novembro) e Carmina Burana (26, 27 e 29 de novembro) têm os mesmos preços: platéia varanda, frisas e camarotes de primeira, R$ 50,00; camarotes de segunda e PNE, R$ 40,00; galeria, R$ 30,00; e paraíso, R$ 20,00.
Para o espetáculo ‘A Dança na Ópera’, dias 16 e 17 de novembro, os preços são os seguintes: platéia, varanda, frisas e camarotes de primeira, R$ 30,00; camarotes de segunda e PNE e galeria, R$ 20,00; paraíso, R$ 10,00.

Serão gratuitos, com distribuição de 2 ingressos por pessoa no dia do espetáculo e a partir das 9h, os seguintes eventos: Recital Lírico (22 de novembro no teatro Maria Sylvia Nunes), Recital Operístico (23 de novembro, na Igreja de Santo Alexandre) e Árias e Canções (24 de novembro, na Igreja de Santo Alexandre. A palestra Sérgio Casoy fala sobre Puccini (09 de novembro) também será grátis e de acesso livre (sem necessidade de retirada antecipada de ingressos.

Embora igualmente gratuito, haverá necessidade de inscrição para os seguintes eventos: Master Class de Técnica Vocal (21 de novembro), oficinas de Figurino (23 de novembro) e de Iluminação Cênica (25 de novembro).

A distribuição de ingressos da cota de gratuidade aos idosos e Portadores de Necessidades Especiais (PNE) ocorrerá sempre no primeiro dia da temporada de cada espetáculo, a partir das 9 horas. Será entregue um ingresso por idoso, mediante apresentação da carteira da Secult ou de identidade. Os PNE deverão apresentar a carteira da APPD.

Para pagar meia, tanto no ato da compra do ingresso quanto no dia do espetáculo, o estudante deverá apresentar carteira estudantil ou comprovante de matrícula, e os idosos, a carteira de identidade. Nos espetáculos de entrada franca, somente os maiores de 12 anos poderão fazer retirada de ingresso.

As pessoas que moram em outras cidades, em qualquer lugar do Brasil, poderão solicitar reservas para os espetáculos através de e-mailbilheteriatp@supridados.com.br.

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