Fernanda Torres e Angelina Jolie fizeram convergir os polos magnéticos da terra para Veneza na 81ª edição do Festival internacional de cinema de Veneza. As duas atrizes estiveram nos eventos de exibição e divulgação de seus trabalhos.
Jolie interpreta Maria Callas, uma das maiores cantoras de ópera da história, na Paris dos anos 1970. Maria é dirigido pelo chileno Pablo Larraín, que tem se especializado em cinebiografias de mulheres icônicas, como Jackie Kennedy, vivida por Natalie Portman em Jackie (2016), e Lady Di, com atuação de Kristen Stewart, em Spencer (2021).
Em Ainda estou aqui, o diretor de Central do Brasil (1998) baseia-se no livro de Marcelo Rubens Paiva. Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva, mãe de cinco filhos que precisa se reinventar quando seu marido, o deputado Rubens Paiva, é preso pelo regime militar e desaparece.
Uma dama elegante e diáfana desceu de uma gôndola sobre as águas poéticas de Veneza e, fluida, leve e diáfana como uma divindade, a sílfide longilínea dimanou sua beleza e magnetismo pessoal por sobre o tapete vermelho do evento.
Jolie parecia levitar, alguns centímetros acima do solo sob seus pés , elegante e fatal por dentro de um vestido milimetricamente ajustado às suas formas esguias. É preciso pensar na boa forma física e elasticidade da atriz para performar leveza e naturalidade sobre saltos altos e dentro de um vestido vaporoso e estreito.
Jolie, como uma ninfa encantada dos bosques, garantiu a elegância dos gestos, interagiu com o público, que a ovacionou, e equilibrou a ambivalência de sua elegância em cumprir o dress code de um evento de gala sem dispensar os códigos de sua sensualidade emanada no vermelho de garras femininas afiadas e da boca carnuda e opulenta.
Fernanda Torres é uma mulher incrível em seus próprios códigos de beleza. As expressões de força e vigor de um corpo dedicado à arte é à dramaturgia sob um vestido sóbrio, preto, ornaram bem com o rosto “lavado” e belo, marcando a presença magnética de uma mulher absoluta e confiante.
Fernanda foi aclamada, ovacionada e consagrada no evento, levando o melhor da nossa sétima arte para o festival.
O talento, a dedicação, a entrega às personagens e a qualidade das performances de Jolie e Fernanda em suas carreiras esvaziam de sentido à atual expressão pejorativa nepo baby, empregada no sentido de relativizar o mérito de pessoas nascidas em meio privilegiado.
Fernanda e Jolie têm mais uma oportunidade para comprovar em Maria, de Pablo Lerrain, e em Ainda estou aqui’, de Walter Salles, que a sétima arte, antes do berço, está nas veias.
A conferir!
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