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Não sei vocês, mas considero Ernest Hemingway um dos maiores escritores de todos os tempos. Curiosamente, tenho acompanhado livros e filmes sobre sua vida e ao ler este “Sra. Hemingway”, penso em ter preenchido mais uma lacuna. Naomi Woods romanceou à vontade, mas sempre a partir de outros livros, que não saíram no Brasil, dedicados à vida de suas quatro esposas. Obteve um trabalho muito interessante e charmoso, sem aliviar nada para “Nesto”, um homem de gênio difícil, mitômano, procurando tirar proveito de situações para se apresentar como mola mestra dos acontecimentos. Bebia muito e passava do adorável ao odioso em segundos. Quando queria, era irresistível. Hadley, sua primeira mulher, saiu de St. Louis para segui-lo a Paris, já com um filho, em uma das melhores e piores épocas. Passavam fome em um apartamento horroroso e muitas vezes assavam pombos para comer. Eram os anos 20 com Gertrude Stein, Sylvia Beach e a Shakespeare & Company. Vários outros gênios da Literatura e Artes Plásticas estavam por lá. Em uma festa, foi apresentado a Fife Pfeiffer, francesa rica. Aproximaram-se. Hadley achou que juntando os três, acabaria o flerte. Foram passar férias na casa do casal Murphy, riquíssimo. Bêbados, Nesto agarrou Zelda, Scott FitzGerald jogou figos, iam brigar. Hadley deu cem dias para Ernest dizer se ficava com ela ou Fife. O levou para morar em sua mansão. Tiveram dois meninos. Doze anos casados. Martha Gelhorn, escritora e repórter, fã, estava com a família em Cuba. Foram ao bar que Nesto frequentava. Ele sentou-se à mesa. Bebados, levou-a até sua casa, onde estava a esposa. Vamos cobrir a guerra civil na Espanha. Virou o casal do momento, enviando matérias e fazendo amor entre canhões e bombas explodindo. De volta aos Estados Unidos, ele queria folga, ela queria guerra para cobrir. Segunda Guerra Mundial. Ele dá um jeito de ir antes. Ela chega na libertação de Paris. Ele se gaba de ter “libertado” o Ritz e ali está bebendo toda a adega do hotel. Ela chega. Alguém fofoca sobre Mary, outra repórter. Discutem. Ela encontra um poema dedicado à garota. Terminam em grande cena. Mary agora convive com um homem deprimido, chegando a levar choques elétricos. Não consegue escrever nada. Bebe e caça. Uma manhã, um estampido. Até hoje perguntam se foi acidente, já que ele sabia manejar armas.

Os livros nos quais Naomi se baseou são listados. Não saíram no Brasil. Há um filme, Gelhorn x Hemingway, bem legal. E muita coisa sobre os anos 20, claro. Que grande tempo!

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte.

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