No mês passado recebi duas encomendas musicais: escrever arranjos especiais para um hino e uma valsa, esta de minha autoria.
A primeira encomenda veio de Portugal, feita pelo jovem oboísta Tiago Coimbra, integrante do Quinteto Art’Ventus.
A segunda, oriunda da Inglaterra, onde reside atualmente a pianista Carla Ruaro, idealizadora do excelente projeto, premiado internacionalmente, “Raízes – Um Piano na Amazônia”, que deu origem a um CD e um DVD, que contém músicas de nossa família: “Arpejando” – Choro-estudo n° 1 e “Travesso” – Choro-estudo n° 5 (Wilson Fonseca); e “Valsa Santarena n° 107 (Vicente Fonseca).
A pianista Carla Ruaro, gaúcha, virá ao Brasil para participar da I Bienal de Artes, organizada pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel), no próximo dia 15 de setembro de 2022, às 21h, no Espaço Âncora – Aldeia Cabana.
Durante a I Bienal de Artes será executada a “Valsa Santarena n° 107”, de minha autoria, com arranjo que acabei de escrever para Quinteto de Cordas e Piano, a pedido da pianista Carla Ruaro. São integrantes do Quinteto de Cordas: Sarah Moraes (1° Violino), Thaís Carneiro (2° Violino), Rodrigo Santana (Viola), Kalyne Valente (Violoncelo) e Ludhiana Vigário (Contrabaixo).
Em 2017, eu elaborei, a pedido de um amigo advogado, um arranjo do “Hino de Penela da Beira” – Portugal (Texto: Eduardo Figueiredo; e Música: Manuel Carvalho), para Canto e Piano.
Agora, o jovem oboísta, português, Tiago Coimbra, descobriu a postagem que fiz desse hino no SoundCloud (execução simulada por computador) e me pediu para escrever um arranjo para Quinteto de Sopros (Flauta, Oboé, Clarinete, Trompa e Fagote).
Tiago Coimbra, nascido em Vila Nova de Gaia, Porto (Portugal), cujo pai é natural de uma freguesia de Penela, participa de um projeto de residência artística nos próximos 18 meses em Penela.
Ele é oboísta na Göttinger Symphonie Orchester (Alemanha) e membro do Quinteto de Sopros Art’Ventus Quintet, além de compositor.
O grupo musical está a desenvolver um projeto cultural, pedagógico e social no Município de Penela (“Art’Ventus Penela”).
Integrantes do Art’Ventus Quintet: Paula Soares (Flauta), Tiago Coimbra (Oboé), Horácio Ferreira (Clarinete), Nuno Vaz (Trompa) e Raquel Saraiva (Fagote).
Confira o site do Quinteto Art’Ventus: https://artventusquintet.pt/o-quinteto/
Tiago Coimbra me perguntou qual seria a minha relação com Penela (Portugal).
Eu lhe respondi que, embora tenha escrito um arranjo do Hino, não conheço Penela da Beira.
Mas, informei-lhe que um de nossos filhos (Adriano) residiu por alguns anos em Lisboa, antes da pandemia; e que estivemos várias vezes na terra de Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa.
A Neide, minha esposa, é descendente de portugueses, pelo lado materno, e está a requerer nacionalidade portuguesa.
Aliás, eu compus dois ciclos de canções sobre poemas desses notáveis poetas lusitanos: “Poeta Fingidor”; “Tenho Tanto Sentimento”; e “Ao longe, ao luar” (Fernando Pessoa); e “Alma minha gentil, que te partiste” e “Os Lusíadas” (Luís Vaz de Camões).
Também compus o “Hino do Grêmio Literário e Recreativo Português” de Belém (fundado em 1867); o “Hino do Luso Sporting Club” de Manaus (fundado em 1912); e o “Hino do Grupo de Amigos para Sempre”, de Belém (formado por trinta brasileiros e portugueses, desde 1988), obras musicais gravadas e oficializadas.
O “Hino do Luso Sporting Club” foi gravado recentemente pelo Coral do Amazonas e Orquestra Amazonas Filarmônica.
Sou membro honorário do Grêmio Português e do Grupo de Amigos, entidades sediadas em Belém.
Também compus, em 2013, a “Cançoneta para Loriga”, com letra de Ignácio José de Castro Campos (irmão do Prof. Nicolino Campos), falecido no último mês de agosto.
Loriga é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Seia, distrito da Guarda, situada a 320 km de Lisboa, capital de Portugal. Faz parte do Parque Natural da Serra da Estrela. É conhecida como a “Suíça Portuguesa” devido à sua extraordinária localização geográfica.
O catálogo de minha obra musical registra mais de 2.200 composições. Atualmente, a série de minhas “Valsas Santarenas” conta com 138 obras; e o meu hinário, com 140 composições (agosto/2022).
Eis algumas de minhas músicas mais recentes, a partir de meados de junho do corrente ano de 2022, inclusive trinta (30) choros para diversas formações instrumentais:
- Pequena Elegia -À memória de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips (Indigenista brasileiro e jornalista inglês). Quarteto de Cordas.
- Germinal (Canção – Toada). Letra: Antônio Tavernard – Antônio de Nazaré Frazão Tavernard (1908-1936). Canto e Piano.
- Pequena Canção – “Pássaro da Lua” (Maxixe). Letra: Cecília Meireles (1901-1964). Subtítulo acrescentado pelo compositor da música. Canto e Piano.
- Memória (Bolero). Letra: Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Canto e Piano.
- O balão de nossa vida (Valsa – Marcha-Rancho). Letra: Paulo Rodrigues os Santos (10/01/1890 – 10/04/1974). Canto e Piano; Noneto e Piano; e Pequena Orquestra de 9 Instrumentos Solistas (Flauta, Clarinete, Trompete, Saxofone, Vibrafone, Trombone, Acordeão, Gaita de Boca e Fagote). Acompanhamento: Piano; e Orquestra (Flauta, Clarinete, Sax-Tenor, Fagote, Trompete, Trombone, Gaita de Boca, Acordeão, Vibrafone, Tuba, Piano e Percussão – Pratos, Caixa e Bombo.
- O Barco e o Piano (Choro). Piano.
- Soneto de saudade (Canção). Letra: Felisberto Sussuarana. Canto (Gaita de Boca) e Piano.
- O pedido do almofadinha (Choro). Letra: Felisbelo Jaguar Sussuarana. Canto (Trompete) e Piano.
- Balança, balança morena (Carimbó). Letra: Renato Sussuarana. Canto (Saxofone) e Piano.
- Chorinho fagueiro (Choro). Piano.
- Adagietto – Peça para Piano.
- Chopiniando (Noturno). Piano.
- Giocoso (Choro). Piano.
- Piracuí (Choro). Piano. O piracuí é uma espécie de farinha de peixe seco salgado, triturado ou desfiado, muito conhecida e consumida na Amazônia.
- Dobrado para Piano (Dobrado). Piano solo.
- “Dom Amando” (Dobrado). Banda: Flautim, Flauta, 2 Clarinetes, Sax-Alto, Sax-Tenor, 2 Trompetes, 3 Trompas, Trombone, Eufônio, Tuba, Glockenspiel e Percussão (Pratos, Caixa e Bombo). Homenagem ao Colégio “Dom Amando”, de Santarém (PA), onde estudei até 1966.
- Tocata Santarena (Choro). Piano solo.
- Serenata (Choro). Clarinete e Piano.
- Borari (Choro). Sax-Tenor e Piano. Borari é o povo indígena que habita as margens dos rios Tapajós e Maró-Arapiuns (PA).
- Tupaiú (Choro). Flauta e Piano. Os índios tupaiú ou tapajó eram antigos habitantes da região do Tapajós (PA).
- Elegante (Choro). Violino e Piano. À memória de minha querida mãe (Rosilda).
- Vitória-Régia (Choro). Oboé e Piano.
- Fagoteando (Choro). Fagote e Piano.
- Piccolo Choro (Choro). Flautim e Piano.
- Cauauá (Choro). Trombone e Piano.
- Trompete no choro (Choro). Trompete e Piano.
- Luar de Santarém (Choro). Corne Inglês e Piano.
- Violoncelo no choro (Choro). Violoncelo e Piano.
- Céu de estrelas (Choro). Viola e Piano.
- Encontro das águas (Choro). Sax-Soprano e Piano.
- Meu violão (Choro). Clarinete-Baixo e Piano.
- Flores silvestres (Choro). Sax-Barítono e Piano.
- Depois da meia-noite (Choro). Esta composição derivou-se da Valsa-Canção “Depois da Meia-Noite”, de minha autoria (letra e música: Belém, 07.11.1972; e Santarém, 29.07.1977 – Manaus, 06.09.1983), que deu origem à Valsa Santarena nº 18 (“Em cada coração, saudade de Santarém”). Arranjo para Choro: Belém (PA), 23.08.2022. Clarinete e Piano.
- O canto da mocoronga (Choro). Esta composição derivou-se da Valsinha “O teu beijinho”, de minha autoria (letra e música: Belém-PA, 08 e 09.08.1972; e Santarém-PA, 09.09.1973), que deu origem à Valsa Santarena nº 19 (“O Canto da Mocoronga”, subtítulo sugerido pela Professora Rachel Peluso, como ocorreu com as minhas primeiras 24 “Valsas Santarenas”). Arranjo para Choro: Belém (PA), 24.08.2022. Sax-Alto e Piano.
- Floresta Amazônica (Choro). Flauta e Piano.
- Açaí (Choro). Oboé e Piano.
- Seresta Santarena (Choro). Violino e Piano.
- Chorinho (Choro). Fagote e Piano.
- Sol poente (Choro). Trombone e Piano.
- No azul do Tapajós (Choro). Corne Inglês e Piano.
- Serrando e aparando (Choro). Sax-Tenor e Piano.
Em atenção a honroso convite que me foi formulado pela Academia Paraense de Música, da qual sou membro vitalício, escrevi um artigo – ilustrado com diversas fotos – sobre a compositora e pianista santarena Rachel Peluso (que foi minha professora de Piano, na década de 60 do século XX, no Instituto Musical “Padre José Maurício”, em São Paulo, dirigido por ela e sua irmã, Gioconda Peluso). O artigo será publicado no segundo número da Revista dessa instituição acadêmica, que se propõe a organizar um “dossiê sobre a memória das Mulheres na Música no Pará: Compositoras, Intérpretes e Educadoras”, o que merece encômios.
A Revista nº 2 da APM deverá ser lançada em 22 de novembro de 2022 (“Dia do Músico”), na Sala Altino Pimenta, no Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará.
É oportuno registrar que Wilson Fonseca (Maestro Isoca), compositor natural de Santarém (PA), meu saudoso pai, foi escolhido como um dos Patronos Históricos da Academia de Música do Rio de Janeiro, ao lado de Heitor Villa-Lobos, Francisco Braga e Alceo Bocchino, conforme registro do musicólogo e crítico paulista Luís Roberto Von Stecher Trench, idealizador e Presidente da entidade acadêmica, no Facebook:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1425368044630133&id=100014708525065
Concluo com a notícia sobre o Concerto nº 3 – Desdobramentos do Modernismo: O Nacionalismo Brasileiro”, sob o tema “Em torno de 22: Cem Anos de Modernismo na Música Brasileira”, apresentado pelo Quarteto Capital, de Brasília, que me deu a honra de executar o chorinho “Irurá” (Quarteto de Cordas), de minha autoria.
O concerto foi realizado na Biblioteca Salomão Malina – Setor de Diversões Sul – Bloco P – Edifício Venâncio III, Loja 52, CONIC, Brasília, com transmissão, ao vivo, pela TV FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em 30 de julho de 2022.
Integrantes do Quarteto Capital: Daniel Cunha (1º Violino); Igor Macarini (2º Violino); Daniel Marques (Viola); e Augusto Guerra Vicente (Violoncelo).
Escrevi diversos arranjos para o chorinho “Irurá”.
Com o arranjo para Quarteto de Cordas e Percussão, obtive menção honrosa por haver sido um dos quatro vencedores do Concurso Internacional de Composição 2006, promovido pelo Quinteto Amizade, de Brasília.
Naquele arranjo, a composição adota, em princípio, a indicação para que, na repetição, as cordas executem a peça em pizzicato, justamente para torná-la invulgar e mais consentânea com os instrumentos utilizados no chorinho brasileiro (cavaquinho, bandolim e violões). Isso não impede, porém, que os intérpretes não possam dosar a execução com o uso do arco, em alguns trechos, sem comprometer a ideia básica da composição.
Na versão revista para Quarteto de Cordas, a partitura já indica a dosagem para a execução em pizzicato e com arco.
O título da obra corresponde ao nome de um igarapé (riacho, pequeno canal ou braço de rio), situado em cidade natal (Santarém, Estado do Pará), afluente do Rio Tapajós (que, por sua vez, é afluente do Rio Amazonas). O igarapé, em foco, tem águas cristalinas e geladas (em razão da cobertura natural das árvores, como se fosse um túnel), a ponto de permitir que, no passado, servisse de “geladeira” natural, onde se costumava colocar garrafas de refrigerantes ou cervejas, amarradas, pelo gargalo, num barbante preso em alguma pedra pesada, enquanto os jovens ficavam jogando bola ou desfrutando de outras brincadeiras, até chegar a hora gostosa do mergulho no igarapé do Irurá, uma das diversões mais deliciosas de que os santarenos jamais esquecem.
O chorinho tem aproximadamente 2 minutos, mas a felicidade de tomar um banho no Irurá é eterna. A letra da música, que indica o seu clima, também foi por mim elaborada.
Assista o vídeo do Quarteto Capital, com a apresentação do chorinho “Irurá”:
Viva a Música!
Comentários