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O quilombo Cachoeira Porteira, localizado em Oriximiná, com uma população formada por 189 famílias, hoje tem 25 moradores matriculados em cursos de graduação e pós-graduação com bolsas de estudo integrais.

Segundo dados do IBGE, o Pará é o estado com o maior número de comunidades quilombolas reconhecidas do país — são 497 —, mas apenas 4,8% dos quilombolas com mais de 25 anos concluíram o ensino superior.

As bolsas que atendem Cachoreira Porteira foram oferecidas pela Gran Faculdade, braço de ensino superior da edtech brasiliense Gran, em parceria com o BTG Pactual e a Systemica Digital.

Uma sala digital estruturada foi criada dentro da própria comunidade, equipada com computadores e conexão estável à internet. A estrutura foi essencial para garantir que os estudantes pudessem acompanhar as aulas e atividades de maneira remota, sem precisar sair de seu território.

Antes do início dos cursos, os moradores passaram por formações em letramento digital e informática básica fundamental para garantir autonomia no ambiente virtual de aprendizagem. Os novos alunos puderam escolher entre graduações em bacharelado, tecnólogo e cursos de pós-graduação em diferentes áreas.

Erica Pereira, de 33 anos, mãe de cinco filhos, nascida em Cachoeira Porteira, concluiu o ensino médio em 2016, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), e hoje cursa Ciência da Computação com entusiasmo. “É uma área com mais oportunidades. Cada vez tenho me interessado e gostado mais do curso”, relata.

Segundo Stella Alves, coordenadora de Educação da Gran Faculdade, as áreas mais procuradas pelos estudantes da comunidade foram as licenciaturas, com destaque para pedagogia, letras e ciência da computação. “Essas escolhas mostram o compromisso dos estudantes em contribuir com a própria comunidade, seja formando novos professores, seja ampliando as possibilidades de geração de renda”, avalia.

O quilombo Cachoeira Porteira, que há décadas resiste para garantir a preservação de seu território, cultura e modos de vida, agora se torna também exemplo de como a educação pode ser ferramenta de emancipação inclusive para aqueles que não querem o descolamento do território e de que a tecnologia, quando bem empregada, pode auxiliar na qualidade de vida dos povos tradicionais.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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