A partir desta segunda-feira, 10, uma série de atividades no estado do Pará marca a memória dos vinte anos do martírio da missionária Dorothy Mae Stang, assassinada em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA). O Comitê Dorothy, em parceria com diversos movimentos e entidades, organiza a programação, com o objetivo de ecoar sua luta em defesa da Amazônia e seus povos.
Uma das principais atividades é o Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang”, que será exibido amanhã (11) no auditório do IFCH, na Universidade Federal do Pará. Após o filme, um debate com a presença da Profa. Dra. Edna Castro e do Prof. Dr. Rogério Miranda, ambos docentes da UFPA. O Cine Debate também será levado ao Movimento República de Emaús, à Universidade do Estado do Pará, à Escola Municipal Umbelino Ferreira, no município de Viseu, e ao Centro de Cultura Libertária da Amazônia.
Nesta quarta, 12, acontecerá o Ato Interreligioso “20 anos do Martírio de Dorothy Stang e a luta em defesa da Amazônia”, às 9h, na Praça do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN), em Belém. Na ocasião será lançada uma edição extra do Jornal Resistência sobre Dorothy, iniciativa da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).
Estadunidense naturalizada no Brasil, Irmã Dorothy Stang nasceu em 7 de junho de 1931, chegou ao Brasil em 1966 e atuou na região amazônica desde os anos 1970, onde também integrou a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA).
Desenvolvendo projetos de renda junto a famílias camponesas como a colheita de madeira sem destruir a floresta, Dorothy recebia ameaças por estar em uma área disputada por madeireiros e latifundiários, mas não se deixava intimidar: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”. Aos 74 anos, ela foi assassinada com seis tiros, a mando do fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, numa estrada de terra de difícil acesso, com uma Bíblia nas mãos.
Para marcar este triste aniversário, foi realizada uma vigília no dia 10 de janeiro na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina, em Roma, presidida por Dom Fabio Fabene, arcebispo e secretário do Dicastério das Causas dos Santos. Estavam presentes familiares da irmã Dorothy, membros da Congregação de Nossa Senhora de Namur, à qual pertencia, e o monsenhor Marco Gnavi, secretário da Comissão dos Novos Mártires, instituída pelo Papa Francisco para este Jubileu de 2025, além de jovens da Comunidade de Santo Egídio, que todas as noites animam a oração. Durante a vigília, foram apresentadas duas relíquias que passarão a fazer parte do Santuário dos Novos Mártires, que funciona no complexo da Basílica. Trata-se de um relicário com um punhado de terra com o sangue de Dorothy ao ser baleada e um pullover usado pela religiosa.
“A Irmã Dorothy Stang foi um exemplo de como colocar em prática a Encíclica Laudato si’ do Papa Francisco. Nela, a missão cristã ia além da espiritualidade pessoal, incluindo o compromisso com os esquecidos, com as vítimas da degradação ambiental e das desigualdades sociais”, comentou a teóloga Laurie Johnston, docente no Emmanuel College de Boston, que participou da vigília.

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