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Esta me foi contada pela Gabriella Florenzano e eu publico em primeira
mão nacional. Ontem à noite ela foi à estreia da montagem de “Don Giovanni”,
de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), com direção musical do maestro
israelense Yoram David e direção cênica do italiano Pier Francesco Maestrini,
para a temporada do Theatro Municipal de São Paulo, que ontem completou 102
anos.

Assim como Aída, que abriu o Festival, a produção está impecável, mas o
que mais chama a atenção é a concepção de Francesco Maestrini, que fez uma analogia
perfeita com Drácula, transformando o sedutor num vampiro. Ok, Don Giovanni já
é, nas montagens tradicionais, meio macabro, com o Comendador levantando do
túmulo para se vingar, mas com a cena feita o libretto parece ter sido escrito
para a concepção do diretor. A ideia se revelou genial e os cantores
fantásticos.

Mas quem deu um show à parte mesmo foi o cantor lírico Saulo Javan (baixo, ele cantou em Belém, no Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Tosca e L’Elisir D’Amore). O Leporello do primeiro elenco, Davide Luciano, estava com a garganta doendo durante todo o dia, mas mesmo assim se forçou a cantar. Resultado: no intervalo ele estava afônico. Vocês imaginam o terror do elenco e da direção! 

Aí, o Saulo Javan, que é do segundo elenco, e assim como todos os outros estavam lá no teatro para prestigiar a estreia – inclusive a parauara Adriane Queiroz -, ao saber da situação topou se arrumar às pressas, sem qualquer preparação prévia (e vocês sabem que não é só subir no palco e cantar como talvez alguns desavisados achem) e interpretar o Leporello no segundo ato. Ah, e ainda tem mais: Saulo estava com o pé machucado, de muletas, mancando, e fez todo o segundo ato correndo e andando normalmente, com todos os trejeitos cômicos do personagem.


E foi incrível! Um gesto de extrema solidariedade e comprometimento com o espetáculo, porque Saulo Javan não é doppione, é de um elenco diferente. Óbvio que ele foi o mais aplaudido.


Baseado em Don Juan, desalmado mulherengo, criado em 1630 por Tirso deMolina, “Don Giovanni” foi a 17ª ópera escrita por Mozart em sua curtíssima vida de 35 anos.
A ópera estreou em Praga, em 1787, e sobre ela o compositor Richard
Strauss, que também foi um dos maiores maestros do século 20, afirmou ser
dificílima e cheia de armadilhas, impossível de ser regida pelo automatismo de
sua sequência musical.
“Don Giovanni”, ambientado na Sevilha do século 17, traz em
dois atos a história de um sedutor que já levou para a cama, só na Espanha,
1.003 mulheres – segundo o catálogo de Leporello, seu criado. Mas ele fracassa
nas duas últimas tentativas. Não consegue seduzir a camponesa Zerlina, nem
Donna Anna, cujo pai, o Comendador, ele mata em duelo e que volta em cena sob a
forma de estátua, para exortá-lo a se arrepender dos pecados. Irredutível, Don
Giovanni é catapultado para o inferno.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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