Os dois vencedores do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, um na categoria prosa, outra na de poesia, serão conhecidos em cerimônia no auditório do Itaú Cultural, em São Paulo, no próximo dia 5 de dezembro. Dos dez finalistas, cinco são brasileiros (o paraense Airton Souza, o paulista João Silvério Trevisan e a pernambucana Micheliny Verunschk, na prosa; e a carioca Juliana Krapp e o baiano Rodrigo Lobo Damasceno, na poesia); dois cabo-verdianos (Germano Almeida, na prosa; José Luiz Tavares, na poesia); um moçambicano (Álvaro Taruma, na poesia) e dois portugueses (Hélia Correia, na prosa; Nuno Júdice, na poesia). De 60 semifinalistas, 30 de prosa e 30 de poesia, eleitos entre 2619 obras inscritas, o júri intermediário do Prêmio Oceanos escolheu cinco finalistas em cada categoria.
Airton Souza, poeta, professor e pesquisador nascido em Marabá, é um paraense que brilha no cenário literário. Mestre em Letras pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia da Universidade Federal do Pará, já publicou 47 livros. Idealizou e coordena importantes projetos ligados ao livro, à leitura, às bibliotecas e às literaturas nas Amazônias, entre eles o Anuário da Poesia Paraense e o Prêmio Amazônia de Literatura. Venceu mais de cem prêmios literários, entre os quais os da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, da Academia Paraense de Letras, da Imprensa Oficial do Estado do Pará, da Fundação Cultural do Pará, o III Prêmio Ufes de Literatura e o Prêmio Literário Cidade de Manaus 2022, com o livro de poemas Horóscopo de batizar brumas contra a solidão das asas. Sua poesia já foi traduzida para o espanhol, o inglês e o alemão. É presidente de honra da Associação dos Escritores do Sul e Sudeste do Pará.
As obras finalistas do Prêmio Oceanos são, na prosa:
Caminhando com os mortos (Micheliny Verunschk) Companhia das Letras
Certas raízes (Hélia Correia) Editora Relógio D’Água
Meu irmão, eu mesmo (João Silvério Trevisan) Alfaguara
Os infortúnios de um governador nos trópicos (Germano Almeida) Editorial Caminho
Outono de carne estranha (Airton Souza) Editora Record
e, na poesia:
Criação do fogo (Álvaro Taruma) Alcance Editores
Limalha (Rodrigo Lobo Damasceno) Corsario-satã
Perder o pio a emendar a morte (José Luiz Tavares) The poets and dragons Society
Uma colheita de silêncios (Nuno Júdice) Dom Quixote
Uma volta pela lagoa (Juliana Krapp) Círculo de poemas
Os romances se voltam a épocas distintas, situados em passado histórico mais remoto (o século XIX do livro do cabo-verdiano Germano Almeida) ou mais recente (o garimpo em Serra Pelada, na década de 1980, no livro de Airton de Souza). Tratam também de tragédias sociais, como faz o livro de Micheliny Verunschk, e de dramas pessoais e existenciais, como no romance autobiográfico de João Silvério Trevisan. Já a tendência à mescla entre realidade e fantasia se encontra nos contos de Hélia Correia, que, no entanto, também apresentam uma visão crítica acerca de um mundo que desumaniza.
Na poesia, tem-se a transcendência e a investigação dos mistérios da poesia nos poemas de Nuno Júdice, ao lado do olhar para uma realidade concreta, injusta e opressora nos livros de Álvaro Taruma, José Luiz Tavares e Rodrigo Lobo Damasceno. Embora todos esses problematizem a própria poesia, o livro de Juliana Krapp enfatiza esse aspecto, ao pôr em cena o fascínio e os riscos de se conhecer e manusear a linguagem.
O Oceanos é realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), pelo Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio do Banco Itaú, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, o apoio do Itaú Cultural, da Biblioteca Nacional de Moçambique e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde; e o apoio institucional da CPLP. O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos em parceria com o Itaú Cultural.
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