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Há boatos de que a governadora Ana Júlia Carepa pretende estadualizar o porto da Sotave. Se isso for verdade, ela cometerá um erro enorme e repetirá um equívoco histórico. Há 15 anos o governo federal – que, diga-se de passagem, tem muito mais recursos – tenta, sem sucesso, alfandegar e fazer funcionar aquele terminal. O mais elementar raciocínio, só por isso, já sinaliza a inviabilidade da estadualização.

É oportuno lembrar a desastrosa iniciativa do governador Almir Gabriel em estadualizar a Enasa. Não conseguiu fazê-la funcionar, as embarcações ficaram sucateadas, as instalações físicas idem. Teve que extingui-la, até hoje o Pará arca com dívidas trabalhistas e o enorme passivo que tomou para si, e ainda virou coveiro da empresa.

A estadualização da Enasa só serve – e interessa sobremaneira – a grupos empresariais que ganhariam rios de dinheiro com operação no local e que não estão preocupados com as funestas consequências para o erário parauara.

O porto da Sotave é estratégico, sim, e seu funcionamento é viável e da maior importância para o desenvolvimento do Pará, desde que entre em operação com todos os cuidados e providências imprescindíveis – e aqui é preciso deixar claro que está fora de cogitação o embarque/desembarque de cargas via rodoviária. Primeiro, porque a ponte do Outeiro não suporta tráfego pesado. E segundo, por causa dos impactos ambientais.

Com a conclusão das eclusas de Tucuruí e a remoção dos pedrais no rio Tocantins, o terminal da Sotave tem tudo para fazer o transbordo de cargas – sempre via modal hidroviário – e administrado pela Cia. Docas do Pará, a quem cabe legalmente e racionalmente essa atribuição.

A governadora agiu de forma inteligente ao pleitear a federalização de mais um trecho da PA-150, de Marabá a Redenção, que agora vira BR-155. Com isso, o Pará vai obter os recursos necessários para manter a rodovia em boas condições de tráfego. É esse o caminho: buscar recursos para fazer funcionar a infraestrutura paraense – e não assumir obrigações que estão sendo descumpridas pelo governo federal.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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