O navio-hospital-escola Abaré, da Universidade Federal do Oeste do Pará, fará sete expedições este ano, entre fevereiro e outubro, respeitando a sazonalidade amazônica. Única unidade básica de saúde intermunicipal no Brasil, presta serviços de saúde, ensino e pesquisa a comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas que vivem em áreas de difícil acesso na região do rio Tapajós. O nome “Abaré” significa “amigo” ou “companheiro” em tupi-guarani. É um exemplo de inovação, levando atendimento de qualidade a populações excluídas dos serviços básicos e permite à Ufopa cumprir relevante papel, muito além da educação. Poderia – e deveria – servir de inspiração para pelo menos uma unidade igual que atuasse no arquipélago do Marajó, onde estão há décadas os menores IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do Pará, do Brasil e do mundo, e outra para a região insular de Belém, as 72 ilhas de Abaetetuba e demais municípios do Baixo Tocantins, onde vivem milhares de famílias desassistidas que, além de não terem dinheiro para pagar as altíssimas passagens hidroviárias, não dispõem de hospitais municipais e onde não são raros os casos de óbitos por falta de atendimento. Ainda se morre até de parto.
As expedições do Abaré são realizadas em parceria com a iniciativa privada e as secretarias de Saúde dos municípios envolvidos. Oferecem vacinação, exames laboratoriais, coleta de PCCU, consultas médicas, odontológicas e de enfermagem, além da distribuição de medicamentos e de óculos. São quatro consultórios, uma sala para pequenas cirurgias, laboratório para análises clínicas e radiografias, e acomoda 55 pessoas, incluindo tripulação e profissionais de saúde.
A Ufopa recebeu o Abaré – doação de uma ong holandesa – em 2017, integrou-o ao SUS e assim promove um modelo de assistência médico-hospitalar de excelência na região, que foi mantido inclusive durante a pandemia e salvou muitas vidas. O que falta para dotar a UFPA e a Uepa de tão importante instrumento?
Os atendimentos tem 93% de resolutividade, ou seja, apenas 7% dos casos necessitam de encaminhamento para centros urbanos, o que desafogaria o Sistema de Regulação da Sespa e os hospitais de Belém.
Participam das expedições os residentes do programa de Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família da Ufopa, residentes de outras instituições de ensino, docentes e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), profissionais de saúde bucal da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), além de integrantes do Centro de Controle de Zoonoses e docentes e discentes de Medicina e Odontologia dos grupos parceiros externos. O projeto “Abaré Sorriso” promove, ainda, palestras para crianças e adolescentes sobre a importância da higiene bucal, e distribui kits de higiene para as comunidades.
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