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O Oscar de Melhor Filme Internacional é uma das mais prestigiadas categorias do cinema mundial pela visibilidade para produções em língua não inglesa, que esse ano chama atenção pela indicação de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles e uma produção que vem da Dinamarca: o sombrio “A Garota da Agulha”, do cineasta Magnus von Horn.

“A Garota da Agulha”, disponível na plataforma Mubi, tem como base a ocorrência histórica registrada em Copenhague, entre 1913 e 1920 e narra a história de uma mulher condenada à morte pelo assassinato de mais de 26 crianças, na cidade de Copenhague.

A fotografia preto-e-branco, que remete ao cinema expressionista da década de 1920, é o ponto alto do filme, pois a influência da escola alemã está em toda parte, observada logo na abertura do filme com imagens sobrepostas, desfiguradas, anunciando um filme de monstruosidades causadas pelas desigualdades sociais e o circo dos horrores que sinalizavam o ovo da serpente nazista que proliferou em boa parte da Europa Ocidental logo após a Primeira Guerra Mundial. 

Nesse recorte, assistimos a classe trabalhadora espoliada no sistema de produção de uma fábrica de costuras, discriminação social, deformações físicas e o desamparo que acompanha a sobrevivência de Karoline (Victoria Carmen Sonne) e seu encontro com a enigmática Dagmar (Trine Dyrholm).

A Garota da Agulha é um filme de horror que impressiona pela ligação inequívoca com os fatos históricos relacionados, fato que o torna mais assustador pela conexão com a realidade. Aqui, não é uma possibilidade e sim a certeza de que como a história das guerras e violências sobre corpos pode sequestrar vidas e sonhos. O filme é imperdível!

E na categoria de Melhor Filme Internacional também concorrem: o polêmico “Emilia Perez”, de Jacques Audiard; o novo petardo fílmico iraniano “A Semente do Fruto Sagrado”, de Mohammad Rasoulof; e a animação “Flow”, de Gints Zilbalodis.

O Brasil já foi mencionado diversas vezes para receber o maior prêmio da indústria cinematográfica necessariamente americana, que eventualmente abre espaço e visibilidade para cinematografias de outros países (ver o caso do coreano “Parasita”, de Bong Joon-ho em 2019).

 Abaixo, algumas indicações que reconhecem a qualidade do cinema brasileiro no grande prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood:

“O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte (1962). Indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro (atualmente Melhor Filme Internacional).

“O Quatrilho”, de Fábio Barreto (1996). Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

“O Que É Isso, Companheiro?”, de Bruno Barreto (1997).  Representante brasileiro na disputa de Melhor Filme Estrangeiro.

“Central do Brasil”, de Walter Salles (1999). Indicações: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (Fernanda Montenegro).

“Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles (2004). Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição.

“O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco (1986). Coprodução nacional com os Estados Unidos, disputou na categoria de Melhor Filme e Melhor Direção.

“O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu (2014). Melhor animação.

“Democracia em Vertigem”, de Petra Costa (2020). Melhor Documentário.

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles (2025). Filme, Atriz (Fernanda Torres) e Filme Internacional).

José Augusto Pachêco
José Augusto Pachêco é jornalista, crítico de cinema com especialização em Imagem & Sociedade – Estudos sobre Cinema e mestre em Estudos Literários – Cinema e Literatura. Júri do Toró - 1º Festival Audiovisual Universitário de Belém, curadoria do Amazônia Doc e ministrante de palestras e cursos no Sesc Boulevard e Casa das Artes.

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