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É assustador o mais recente livro do escritor Ken Follett, que vende milhões de exemplares pelo mundo. Imagino que deva ter uma grande equipe de pesquisa que lhe fornece todos os detalhes necessários para que desenvolva apenas a trama. É uma escrita tradicional, sem ousar nos costumes, com cenas de sexo apenas sugeridas, pudicas totalmente. Mas consegue prender a atenção. Um dos segredos é contar várias histórias com personagens completamente diferentes, que aos poucos têm suas vidas entrelaçadas ou até não. Neste livro, ele desenha a escalada para a Terceira Guerra Mundial, nuclear. Não chega a se desviar dos vilões do momento, jihadistas, mas os russos passam ao largo. Na vida real é que Putin e sua companhia estão azucrinando o mundo, de verdade.

Há uma agente da CIA baseada no Chade, que se enamora de seu igual, mas francês. No meio, um americano ousado, disfarçado de beduíno, a seguir uma carga de cocaína, sobrevivendo a todos os riscos e encontrando o amor em uma local, com um filho, em longa aventura que termina na França com ambos apaixonados. Há um jovem chinês, vice primeiro ministro, lutando por um país moderno, antenado com o mundo, contra a ala conservadora, incluindo seu pai. Ele é casado com a mais famosa atriz de telenovela do país. Há um general norte coreano que informa sobre uma revolta contra o Líder Supremo, o que acontece. Há uma presidente americana, rival de um direitista burro (parece até uma homenagem…) que tem um casamento em crise e uma filha adolescente rebelde. As provocações vão acirrando os ânimos. Uns debatem tentando por tudo evitar. Outros estão decididos. Tamara, a agente da CIA casa com Tab, o francês. Abdul, o agente americano, vai casar com Khai, do Chade. Kia, o jovem primeiro ministro, traído pelo pai, conservador, é preso. A presidente separa-se e vai para o bunker. Os misseis já estão no ar. Milhões morrerão. Imaginem que devem chegar por aqui os resultados. Como, por enquanto, é ficção, dá para distrair. O que incomoda e muito, é a tradução chamar a presidente Pauline de “presidenta”. Isso é insuportável, pelas leis da gramática. E a cada vez que passamos os olhos em “presidenta”, a leitura trava e praguejamos.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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