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Em pleno Dia Internacional dos Museus, foi inaugurada a exposição Sentinela do Norte: A Independência do Brasil no Grão-Pará, realizada pelo Instituto Histórico e Geográfico do Pará em parceria com a Cátedra João Lúcio de Azevedo, o Instituto Camões e a Universidade Federal do Pará, com apoio da Embaixada de Portugal no Brasil e do Vice-Consulado português no Pará.

A solenidade foi conduzida pelo “imortal” Walbert Monteiro e contou com a presença da presidente do IHGP, Anaíza Vergolino, o reitor Emmanuel Tourinho, a diretora do Museu da UFPA e representante do IHGB, Jussara Derenji, os curadores da exposição Maria de Nazaré Sarges – diretora da Cátedra João Lúcio – e Aldrin Figueiredo – diretor de Museu do IHGP – e a vice-cônsul de Portugal no Pará Maria Fernanda Granja, além de diversas autoridades e convidados e da equipe de pesquisa, conservação, montagem e ação educativa: Michelle Queiróz, Dayse Ferraz, José Fernandes Fonseca Neto, Rosa Arraes, Luís Augusto Quaresma, André Garcia e Milena Ribeiro. Os professores e músicos Rômulo Queiroz (Emufpa) e Adnaldo Oldair de Souza (Seduc), em duo de piano e voz, apresentaram modinhas imperiais coletadas por Spix e Martius.

A exposição põe em evidência parte do acervo museográfico, bibliográfico e arquivístico do IHGP em diferentes épocas, bem como peças de acervos particulares de colecionadores de Belém, cedidas especialmente para o evento. Foram concebidos quatro núcleos expositivos: “O Barão, a Independência e os Motins Políticos”, “A Independência do Brasil no Grão-Pará”, “A História Ensinada” e “Efemérides da Nação”.

Trata-se de mostra inédita, por apresentar diferentes sujeitos da história. Logo no cartaz de abertura, a imagem emblemática de uma mulher – Mãe Catarina, citada por Felipe Patroni como escrava, sentinela e líder de expedições e guarda no tempo da independência, dá o tom revolucionário. Um avatar de mulheres guerreiras sob o desenho de Debret realça a soleira do Solar do Barão do Guajará, sede do IHGP-PA. No final, uma fotografia feita por Elza Lima em Faro, no Oeste do Pará, com uma linda amazona, pensativa, centralizada entre dois bustos de autoria de Décio Villares, de Tiradentes e José Bonifácio. No dizer do curador da mostra e diretor de Museu do IHGP-PA, professor doutor Aldrin Moura de Figueiredo, “se é pra comemorar a independência, é preciso lançar mais perguntas que respostas, mexer no quadro dos heróis, questionar a misoginia historiográfica, e colocar o passado sempre em diálogo com o presente”.

Na bela edificação histórica que sedia a exposição, o Barão do Guajará escreveu a obra “Motins Políticos”, texto seminal para todo e qualquer estudo sobre o período de 1820 a 1835 na então Província do Grão-Pará. Ali estão, nas vitrines e montras, um pouco de suas matrizes intelectuais, seus gostos e repertório analítico. Nos salões, a história da independência é contada através de imagens, textos e objetos originais, desde a invasão de Caiena em 1809 até os debates sobre duas datas das mais importantes no calendário cívico paraense – o 7 de setembro e o 15 de agosto. Entre proclamações escritas em francês e português para os habitantes de Caiena, efígies de governantes e dos imperadores, uma espada gravada com as insígnias de Pedro I, há o broche que os soldados usaram no furriel em 1823, jamais mostrado em exposição, mas que já traz gravada a sentença “Independência ou Morte”.

No roda-teto do salão azul, os nomes dos líderes dos motins de 14 de abril de 1823 e outros que militaram nas lutas da independência no Pará: Diogo Moia, Antonio Barreto, Domingos Marreiros, Romualdo de Seixas, José Pio, Jerônimo Pimentel, Manoel Evaristo, Soares Carneiro, Boaventura da Silva, João Balbi, Honório José dos Santos, Oliveira Belo e Felipe Patroni, o pioneiro da imprensa parauara que, há duzentos anos, lançou o primeiro jornal do Pará, O Paraense.

Para as crianças também foi pensado um espaço na exposição. A sala Amarela tem livros didáticos, fotografias de antigos desfiles escolares com meninas vestidas de Marianne, Leopoldina e guerreiras amazonas, tanto gregas quanto icamiabas. E a sala das Efemérides da Nação guarda algumas joias da pintura, como a tela de Pedro I feita por Manoel Pastana para o centenário de 1922, um  pergaminho em iluminura de Theodoro Braga, com os feitos da adesão, além da aquarela de Alfredo Norfini, de 1940, com o Morticínio do Brigue Palhaço. Ao lado delas, há um armário-louceiro com um conjunto de café feito em barro cozido proveniente do Mocambo do Pacoval, nas margens do rio Curuá, em Alenquer; cuias Munduruku de Itaituba; bonecas ancestrais do Quilombo do Camiranga, de Cachoeira do Piriá, Gurupi; cestos do povo Anambé do Cairari, e até um galo em madeira franco-guianense vindo de Caiena. Há, ainda, fracionamentos de louças de algumas das mais conhecidas casas da Europa, como Vista Alegre, Limoges, Bavária e Worcester.

O IHGP está aberto à visitação de terça a sexta, de 9h às 12h e das 14h às 16h. O acesso é livre e gratuito. Para agendamento de grupos maiores, é preciso apenas entrar em contato com solarbaraodoguajara@gmail.com.

Assistam aos vídeos, são as falas dos curadores da exposição, Nazaré Sarges e Aldrin Figueiredo, do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, e da presidente do IHGP-PA, Anaíza Vergolino, com informações relevantes.

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