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Cerca de 80% do transporte de passageiros no Pará é feito através dos rios, mas fiscalização praticamente não existe. Os barcos navegam com excesso de passageiros, sem o número correto de coletes salva-vidas e nem bote de socorro. São tragédias anunciadas que ceifam vidas que sequer compõem estatísticas, porque não se sabe ao certo quantas embarcações cruzam os nossos rios e muito menos quantas pessoas morrem em acidentes fluviais. Ontem de manhã, Belém viveu mais um drama desse tipo. Um barco pequeno, “Coração do Mar”, com 40 pessoas, acima da lotação e sem coletes suficientes, saiu do trapiche de Icoaraci com destino à ilha do Jutuba, onde havia um Festival do Açaí. Naufragou por volta das 9h, a poucos metros da ilha. Havia só um pequeno bote, e as dezenas de pessoas viveram momentos de terror. Até agora, houve a confirmação de que duas mulheres morreram, crianças estão desaparecidas. O Corpo de Bombeiros ainda faz buscas. Ribeirinhos encontraram hoje, em frente à ilha de Cotijuba, por volta das 6h, o corpo de Maria das Mercês Medeiros Mendes, mãe da servidora da Alepa Márcia Mendes Leite, secretária da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, minha amiga e colega de trabalho há décadas, a quem abraço nesta hora de dor. 

Andson da Silva Martins, que havia sido preso e autuado em flagrante por homicídio doloso (não tinha habilitação para atuar como piloto), usou uma camiseta regata para se enforcar dentro da cela da Seccional Urbana de Icoaraci, hoje de madrugada. Esse horror precisa acabar. Famílias que foram passear voltaram destruídas. Tudo porque não há controle na segurança das embarcações. Quantas vidas mais serão perdidas até que se cumpra a Constituição e as leis deste País?!
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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