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Confirmando a máxima de que brasileiro
deixa tudo para a última hora, desde cedo as filas eram imensas, hoje, no
centro de atendimento da Justiça Eleitoral da Pedreira. Havia duas, em sentidos
opostos, ambas se estendendo na rua afora: uma, para quem iria resgatar os
títulos; e outra, para os que tinham que pagar as multas por não terem votado
nas últimas eleições. Lá dentro, o salão enorme estava lotado. E a cada segundo
chegava mais gente. Confesso que fui uma eleitora faltosa no primeiro turno das
eleições passadas (estava em São Paulo) e meu título está retido porque o TRE-PA
mudou o meu local de votação, ou seja, a minha zona eleitoral.
O primeiro susto foi lá fora. Não sabia
em qual fila deveria entrar primeiro.  Depois
de consultar o funcionário que fazia a triagem, usando o princípio da
razoabilidade entrei na fila dos multados, já sabendo que, quando finalmente
chegasse a minha vez, iria receber um boleto e teria que pagar R$3,50 em
qualquer banco ou lotérica – menos lá, que não dispõe de terminais eletrônicos –
e retornar para a devida entrega, naturalmente enfrentando nova fila.
Resignada, fiz o mea culpa, mea maxima culpa.
Afinal de contas, podia – e devia – ter ido antes justificar minha
ausência, houve campanha da Justiça Eleitoral em todas as mídias e eu mesma
ajudei a divulgar (casa de ferreiro,
espeto de pau).
Na fila, é claro, houve ranger de dentes e discursos inflamados
contra a obrigatoriedade do voto e o recolhimento de recursos ao fundo
partidário. Tinha gente até pregando revolução. Para minha agradável surpresa,
entretanto, rapidamente a fila andava. Quando entrei no salão quase tive um troço ao deparar com aquele mar de leitores faltosos olhando
fixamente o tilintar da senha eletrônica no painel. Na hora em que achava que
iria pegar a tal senha, disse o motivo de minha ida lá, a servidora perguntou
qual a minha zona eleitoral e me encaminhou ao segundo andar. Temi o pior. A
senhorinha que estava atrás de mim riu, sabe-se lá por que.
Chegando lá, não acreditei no que via:
quatro servidores e só duas pessoas na minha frente. O céu! Mais do que isso:
fui muito bem atendida, fiquei sabendo que, como só faltei uma vez à eleição,
posso ir outro dia levar meu boleto pago, sem enfrentar aquele tumulto todo, e
resgatar meu título na maior tranquilidade.
Mas valeu o susto. Aprendi a lição.
Prometo que não vou deixar mais nada para o último dia. Por falar nisso, vou já
fazer minha declaração de renda à Receita Federal. Vocês já fizeram as suas?
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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