
FOTO: UCHOA SILVA
Centenas de famílias de Marituba, que não aguentam mais o odor fétido do aterro sanitário metropolitano, estão se deslocando a fim de ocupar as instalações da empresa Guamá/Revita e fechar a via pública. É um movimento desordenado, de desespero. Urge que o Ministério Público, o Judiciário e o Executivo deem respostas aos justos reclamos dessa gente que está sofrendo demais.
Governo do Estado(Semas), prefeituras de Marituba, Ananindeua e Belém, além do Ministério Público Estadual, já admitiram que foi um erro a localização do aterro sanitário dentro da área urbana, em meio a jardins e quintais das casas e condomínios, e nascentes dos igarapés que formam a bacia hidrográfica do Uriboca, antes o único rio não poluído de todas as áreas metropolitanas do Brasil. Para agravar ainda mais a situação, fica nas adjacências do Refúgio da Vida Silvestre e a menos de vinte quilômetros de dois aeroportos que operam por instrumentos (a 13 Km do Brigadeiro Protásio e a 14 Km do Júlio Cesar). O rio Uriboquinha, que corta o lixão, banha toda a extensão do Quilombo do Abacatal, que tem mais de quinhentos habitantes, cujos antepassados resistiram por 310 anos e sobreviveram à Cabanagem.
São cerca de 150 mil pessoas lutando por seus lares.
São cerca de 150 mil pessoas lutando por seus lares.
O prefeito Mário Filho decretou estado de calamidade pública, reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional, pois já contabiliza, além de 2 mortes, quase 4 mil atendimentos médicos, exclusivamente por causa do lixão. O mau cheiro ultrapassou a cidade de Marituba e chegou a Ananindeua, ao loteamento Miriti Golfe Clube. Não raramente, as escolas são obrigadas a encerrar as aulas porque as crianças passam mal com o cheiro nauseabundo. O espaço recebe lixo de cinco municípios: Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara.