O presidente de honra do PSDB e ex-governador do Pará, Simão Jatene, confirmou ao Espaço Aberto a possibilidade de vir a ser candidato ao governo do Estado em 2010, mas nega que tenha lançado sua candidatura durante a confraternização de final do ano do PSDB, na última quinta-feira, na sede administrativa da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na avenida Governador José Malcher. “As lideranças partidárias é que, não apenas nesta como nas últimas reuniões de partido, têm se manifestado de forma cada vez mais vigorosa em favor da nossa candidatura”, informou Jatene. O ex-governador também confirmou que se encontrou pessoalmente com o deputado Jader Barbalho, presidente regional do PMDB, por duas vezes nas últimas semanas. Primeiro, nas articulações que antecederam a eleição da nova Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Estado. Depois, na última quarta-feira, no Senado, no gabinete do senador Flexa Ribeiro, presidente regional do PSDB. E assegura: “Em nenhuma das ocasiões conversei com o deputado Jader Barbalho tratamos de acordo para 2010. Discutimos, sim, sobre assuntos pontuais, como a eleição para a Mesa da Assembléia e sobre o assunto envolvendo a eleição no Sebrae”. Jatene falou ao blog por telefone, ontem de manhã. Foi uma conversa de mais ou menos 30 minutos, tempo suficiente para repassar alguns assuntos que têm estado presentes na Imprensa e sobretudo nos blogs, ultimamente. Aliás, Jatene, desde a entrevista exclusiva que concedeu ao Espaço Aberto, em junho passado, não mudou – ao contrário, até fortaleceu – sua opinião sobre os blogs, que ele costuma ler: “São uma excelente ferramenta de comunicação. É preciso ter cuidado, no entanto, para que não sejam transformados em mídias que apenas alimentam mexericos de candinha e a torpeza de algumas pessoas que se escondem no anonimato para destilar ódios e frustrações”, espeta Jatene.
O encontro com Jader Barbalho, em Brasília
O ex-governador explicou cronologicamente como ocorreu seu encontro com o deputado Jader Barbalho. Disse que foi a Brasília, na semana passada, para participar no Hotel Kubitschek de uma reunião da Fundação Teotônio Vilela, do PSDB. O ex-governador é um dos membros do conselho da entidade.Terminada a reunião, Jatene foi ao Senado porque, segundo explicou, já havia anteriormente marcado um encontro com deputados tucanos para discutir sobre questões de partidos e da reforma tributária, tema a que sempre atribuiu a maior relevância, e agora mais ainda, quando a proposta de reforma esteve na pauta e quase chegou a ser votada, o que não deverá mais acontecer neste ano. Antes do encontro com os tucanos, prossegue Jatene, o próprio senador Flexa Ribeiro o informou que havia uma reunião no gabinete do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), presentes entre outros o governador de Minas, Aécio Neves, um dos presidenciáveis tucanos. Na reunião, informou Jatene, foram tratados vários assuntos, inclusive a sucessão presidencial em 2010. O ex-governador disse que, ao terminar a reunião no gabinete de Sérgio Guerra, Flexa o informou que havia marcado um encontro dele, Flexa, com Jader, para quem ambos conversassem sobre a eleição para renovar a diretoria do Sebrae, marcada para a próxima quinta-feira. “Nós, eu e Flexa, já estávamos indo para o gabinete dele quando fui informado disso”, conta Jatene. O ex-governador afirma que apenas os três – ele, Flexa e Jader conversaram – durante não mais do que 20 minutos e sobre apenas um assunto: a sucessão no Sebrae. “Não discutimos nada mais além disso”, reforça Jatene. Nenhum membro da bancada tucana participou da conversa. “Apenas o Zenaldo [Coutinho, deputado federal] chegou depois”, acrescenta Jatene.
“Não aceito patrulhamento de ninguém”.
Ele avisa, porém: não precisa de autorização prévia de ninguém para encontrar-se com quem quer que seja. E não seria ingênuo de programar um encontro às escondidas justamente para acontecer no prédio do Congresso Nacional – talvez o local de maior circulação de pessoas, em Brasília. “Essas especulações não têm sentido algum. Primeiro, não aceito patrulhamento de ninguém. Não preciso de permissão de ninguém para conversar ou deixar de conversar com alguém. E segundo, eu não teria por que me esconder para um encontro como esse. E se tivesse de me esconder, eu não me esconderia justamente num gabinete no Senado”, afirma o ex-governador.
“Não serei candidato do ‘eu sozinho’”.
Sobre a possibilidade de vir a concorrer ao governo do Estado, o ex-governador Simão Jatene garante: “O que eu tenho dito nesses encontros é que eu posso vir a concorrer ao governo do Estado em 2010, mas não serei candidato do eu sozinho. Só posso concorrer se tiver o apoio do partido e da população. Fora dessas condições, eu me lançaria a uma aventura. Não almejo o poder para ter e ser, e sim para fazer. Acho que já dei demonstrações disso. Não sou profissional da política e posso ficar sem mandato”, diz o ex-governador. Simão Jatene avalia que, se as eleições fossem hoje, dia 15 de dezembro, nenhum partido teria condições de obter sucesso concorrendo sozinho, nem mesmo um partido – seja qual for – que esteja no governo. “Isso porque nenhum partido representa a complexidade da sociedade”, complementa o ex-governador.Nesse contexto, diz Jatene, o PSDB também não teria condições de entrar sozinho numa disputa eleitoral. “E nesse sentido é que as alianças serão naturais, até para ampliar apoios e a representação da população. E acho essa necessidade de alianças e composições, desde que pautada num programa de governo, numa agenda de trabalho, algo bom para a democracia”, reforçou o ex-governador.
Sobre o Sebrae: “Transformaram um moinho num dragão”.
O ex-governador Simão Jatene atribui ao governo do Estado e a setores da Imprensa o papel de transformarem numa queda-de-braço política a eleição para a diretoria do Sebrae. O prefeito Tião Miranda e o empresário Ítalo Ipojucan são os preferidos – ou eram, até a semana passada – da governadora Ana Júlia Carepa. Ela resolveu apoiar essa chapa porque não concordaria que o Sebrae, em nova gestão, fosse dirigido por nomes como os dos empresários José Conrado, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), e Carlos Xavier, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa
). Ana Júlia entende que ambos seriam ligados ao PSDB-PMDB e, nesse sentido, fortaleceriam uma eventual aliança entre os dois partidos para as eleições de 2010, em oposição ao PT, que certamente apoiará a candidatura da governadora à reeleição.“Estão transformando um moinho num dragão”, compara o ex-governador Simão Jatene. “Acho que estão superdimensionando politicamente essa questão do Sebrae. Não existe isso. Essa questão é mais interna, mais segmentada. Diz mais respeito ao segmento produtivo. Eu, quando fui governador, jamais interferi nesse sentido de indicar nomes ou coisa parecida. Nosso relacionamento com o Sebrae sempre foi em torno de programas de trabalho. Nosso governo, por exemplo, teve a colaboração do Sebrae num diagnóstico sobre a cadeia produtiva, como no caso da madeira, da pecuária e do couro. Não sei nem se isso foi à frente”, diz o ex-governador.O interesse em “transformar o moinho num dragão” se deve em muito, acha o ex-governador, às negociações que resultaram na eleição da Mesa da Assembléia, um processo no qual a governadora Ana Júlia chegou a ensaiar a formação de uma chapa encabeçada por outro deputado, que não Domingos Juvenil, apoiado pelo PSDB-PMDB e que acabou se reelegendo presidente da Casa. A não ser que existam interesses não revelados, acho um contra-senso, uma temeridade e um desrespeito à democracia imaginar que toda e qualquer instituição deva ser aparelho desse ou daquele partido. É uma forma muito pequena de fazer política”, acrescentou o ex-governador. Das conversas de que tem participado sobre o assunto, inclusive na que teve com o deputado Jader Barbalho, em Brasília, Jatene considera que o mais razoável seria que tudo se encaminhasse para um apoio em torno de uma chapa de consenso na eleição do Sebrae. “Não sei esta é a tendência, mas o razoável, acho eu, seria um consenso”, diz Jatene.
). Ana Júlia entende que ambos seriam ligados ao PSDB-PMDB e, nesse sentido, fortaleceriam uma eventual aliança entre os dois partidos para as eleições de 2010, em oposição ao PT, que certamente apoiará a candidatura da governadora à reeleição.“Estão transformando um moinho num dragão”, compara o ex-governador Simão Jatene. “Acho que estão superdimensionando politicamente essa questão do Sebrae. Não existe isso. Essa questão é mais interna, mais segmentada. Diz mais respeito ao segmento produtivo. Eu, quando fui governador, jamais interferi nesse sentido de indicar nomes ou coisa parecida. Nosso relacionamento com o Sebrae sempre foi em torno de programas de trabalho. Nosso governo, por exemplo, teve a colaboração do Sebrae num diagnóstico sobre a cadeia produtiva, como no caso da madeira, da pecuária e do couro. Não sei nem se isso foi à frente”, diz o ex-governador.O interesse em “transformar o moinho num dragão” se deve em muito, acha o ex-governador, às negociações que resultaram na eleição da Mesa da Assembléia, um processo no qual a governadora Ana Júlia chegou a ensaiar a formação de uma chapa encabeçada por outro deputado, que não Domingos Juvenil, apoiado pelo PSDB-PMDB e que acabou se reelegendo presidente da Casa. A não ser que existam interesses não revelados, acho um contra-senso, uma temeridade e um desrespeito à democracia imaginar que toda e qualquer instituição deva ser aparelho desse ou daquele partido. É uma forma muito pequena de fazer política”, acrescentou o ex-governador. Das conversas de que tem participado sobre o assunto, inclusive na que teve com o deputado Jader Barbalho, em Brasília, Jatene considera que o mais razoável seria que tudo se encaminhasse para um apoio em torno de uma chapa de consenso na eleição do Sebrae. “Não sei esta é a tendência, mas o razoável, acho eu, seria um consenso”, diz Jatene.
Fundação Teotônio Viela programa encontro em Belém
O ex-governador informou ainda que suas intervenções na reunião do conselho da Fundação Teotônio Vilela voltaram-se, basicamente, para o objetivo de mostrar que o PSDB, na formulação de seu programa para a disputa presidencial de 2010, precisa ter um outro olhar sobre a Região Amazônica.“Estou muito preocupado em relação a isso. Acho que não temos uma crítica interna sobre questões essenciais que envolvem a Amazônia. Só tenho ouvido a reprodução de coisas velhas”, acha o ex-governador. Segundo Jatene, durante a reunião na Fundação Teotônio, foi plantada a semente de um grande encontro que o PSDB deverá programar para discutir esse assunto em Belém, no próximo ano. “
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