Publicado em: 7 de abril de 2025
A data foi instituída em 1931, em razão do centenário da abdicação de Dom Pedro I, mas a origem remonta a dois anos antes. É que Líbero Badaró, médico, jornalista e editor do Observador Constitucional, publicou em 1829 “Liberdade de Imprensa”, artigo criticando acidamente o imperador que repercutiu intensamente e incomodou demais. Não por coincidência, no ano seguinte, Badaró foi assassinado. Antes de morrer, declarou: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”. Houve comoção, protestos e a crise levou Dom Pedro I a abdicar. A imprensa brasileira, desde então, jamais ficou fora da luta pela liberdade.
A maioria da população não sabe o quanto o jornalismo anda de mãos dadas com a política e a história, nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Fundado por Felipe Patroni em Belém, o jornal O Paraense inaugurou a imprensa em todo o Norte do Brasil. O movimento vintista português, as lutas políticas da Independência e a Cabanagem estão intimamente ligados ao aparecimento da imprensa no Pará, em 1822. Patroni protagonizou o Constitucionalismo no Brasil, a imprensa no Pará, difundiu ideais de igualdade racial e independência. Controverso, desafiou o rei de Portugal e seus ministros em pleno Congresso Nacional. Versado em leis, fluente em línguas vivas e mortas – francês, inglês, espanhol, grego, latim, sânscrito e a língua geral dos indígenas -, foi um dos homens mais cultos de sua época.
Outros jornalistas parauaras também fizeram história: o libertário cônego Batista Campos, ideólogo da Cabanagem; o socialista Bento Tenreiro Aranha; o fundador de A Província do Pará, Antônio Lemos; o polêmico Paulo Maranhão, da Folha do Norte; o fundador de O Liberal, Romulo Maiorana; e o fundador do Diário do Pará e Grupo RBA, Laércio Barbalho, além de outros jornalistas da maior importância mas pouco conhecidos pelas novas gerações, como Ildefonso Guimarães, José Veríssimo, Cleo Bernardo, Leonan Gondim da Cruz, Georgenor Franco e tantos outros que merecem permanecer vivos em nossas memórias. Linomar Bahia ainda está ativo aos 90 anos.
Antonio Lemos, jornalista e político que entrou para a história do Brasil, fez de Belém a “Paris n’América”, precursora de muitos avanços na arquitetura e no urbanismo. Lemos foi vogal [cargo equivalente ao de vereador] de Belém, deputado, secretário de governo e intendente geral [prefeito]. Chefe do Partido Republicano Paraense, apoiava a candidatura de Hermes da Fonseca à presidência em confronto ao PR nacional, representado em terras parauaras por Lauro Sodré, daí a origem dos violentos confrontos entre lemistas e lauristas, no período de 1905 a 1912, que marcaram a história política do Pará.
As disputas políticas estão umbilicalmente ligadas à imprensa. Naquela época, os jornais Folha do Norte e O Estado do Pará, instrumentos dos “lauristas”, e A Província do Pará, de Lemos, além dos aliados Folha do Norte e outros jornais de menor circulação como O Estado do Pará, mantinham enfrentamento sem limites.
Paulo Maranhão, que completaria 153 anos em 2025, viveu até os 94 anos escrevendo para o jornal Folha do Norte. Foi considerado o jornalista mais antigo do mundo em atuação.
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