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A tecnologia das fibras ópticas, amplamente utilizada em comunicações e redes de internet de alta velocidade, está ganhando um novo propósito científico: monitorar e entender o movimento das placas tectônicas. Pesquisadores da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) desenvolveram um método inovador que transforma cabos de fibra óptica em uma vasta rede de sensores sísmicos, permitindo um estudo mais detalhado e abrangente das dinâmicas subterrâneas do nosso planeta.

A tecnologia por trás da inovação

O sistema, conhecido como DAS (Distributed Acoustic Sensing ou Sensoriamento Acústico Distribuído), utiliza os cabos de fibra óptica existentes para detectar vibrações no solo. Normalmente, esses cabos transmitem sinais de luz para enviar dados. No entanto, pequenas alterações na luz refletida dentro da fibra podem ser usadas para identificar movimentos do solo causados por atividades tectônicas ou sísmicas.

Essa abordagem elimina a necessidade de instalar equipamentos sísmicos dedicados em larga escala, reduzindo custos e ampliando significativamente a cobertura geográfica de monitoramento.

Como funciona?

  1. Reaproveitamento de infraestruturas existentes: O método utiliza cabos de fibra óptica já instalados, como aqueles usados em redes de telecomunicações subterrâneas ou subaquáticas.
  2. Análise das alterações na luz: Quando o solo se movimenta, mesmo que de forma imperceptível, essas vibrações provocam pequenas distorções no caminho da luz dentro da fibra óptica. Um equipamento de leitura interpreta essas variações como eventos sísmicos.
  3. Medição em tempo real: Os dados são transmitidos rapidamente para sistemas de monitoramento, permitindo que cientistas acompanhem os movimentos tectônicos e outros fenômenos subterrâneos em tempo real.

Impactos para a sismologia

A aplicação de fibras ópticas no monitoramento das placas tectônicas oferece benefícios significativos:

  • Cobertura ampla: A utilização de redes existentes permite monitorar regiões que antes eram inacessíveis, como áreas remotas ou submersas.
  • Custo reduzido: Reaproveitar cabos já instalados elimina a necessidade de novos sensores caros e de instalação manual.
  • Maior precisão: A tecnologia DAS é sensível o suficiente para detectar micro-movimentos, possibilitando estudos detalhados de precursores de terremotos e atividades vulcânicas.
  • Resposta rápida: Com dados em tempo real, os cientistas podem melhorar os sistemas de alerta precoce para terremotos e tsunamis, reduzindo os impactos de desastres naturais.

Avanços futuros

Com o aprimoramento da tecnologia DAS, espera-se que redes de fibra óptica ao redor do mundo se tornem parte essencial da infraestrutura de monitoramento sísmico. Além disso, a abordagem pode ser adaptada para estudar outros fenômenos naturais, como deslizamentos de terra e movimentos glaciais.

Essa inovação representa uma fusão emocionante entre ciência e tecnologia, mostrando como soluções criativas podem transformar recursos cotidianos em ferramentas poderosas para entender nosso planeta. O trabalho da Caltech demonstra que estamos apenas começando a explorar o potencial das fibras ópticas em contextos muito além das comunicações tradicionais.

Daniel Leite Teixeira
Daniel Leite Teixeira é analista de sistemas da Advocacia-Geral da União, Mestre em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade de Lisboa, especialista em Redes de Computadores pela UFPA, músico e guitarrista da Ultranova.

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