O mês de junho foi marcado pela visibilidade da produção audiovisual realizada no estado do Pará em dois momentos circulares: a Mostra AnimaMis, no Centro Cultural Palacete Faciola e a premiação do documentário “Terruá Pará” no In-Edit Brasil, festival de cinema realizado anualmente em São Paulo dedicado aos documentários musicais produzidos no Brasil e no mundo.
São circulares pelo movimento que alcança novos públicos que antes desconheciam a qualidade e o valor artístico dos trabalhos apresentados.
No caso da mostra de animação paraense, temos o contato que forma plateia infantil e de adultos para técnicas e temáticas diferenciadas. Há de se observar a ambientação e o protagonismo local com alcance universal pela linguagem da animação, especificamente com temática cultural amazônica e a preocupação com o meio ambiente.
O que chama atenção é a pluralidade de estilos e técnicas, o que torna o movimento dos realizadores de animação uma cena cultural rica, que não se restringe necessariamente à temática para crianças, com experimentações mais complexas e conceituais.
Na mostra, foram exibidos os trabalhos de Cássio Tavernard (Allegro Pero No Mucho), Luciana Medeiros e Afonso Gallindo (Os Dinâmicos), Andrei Miralha e Petrônio Medeiros (Contos Mirabolantes: O Olho do Mapinguari), Otoniel Oliveira (As Icamiabas na Cidade Amazônia) e Nassif Jordy (Ciranda do Cinema: Mosqueiro e Colheita).
Vale destacar o trabalho dos atores Aj Takahashi e Tais Sawaki na interação das linguagens cênicas e audiovisual, que se complementam na comunicação com a plateia.
Terruá-Pará – junho também foi o mês do reconhecimento nacional com a premiação do documentário “Terruá Pará”, dirigido por Jorane Castro.
Para marcar a décima quinta edição de um dos mais conhecidos festivais de documentários musicais no mundo, a edição In-Edit Brasil 2023 apontava como favoritos os filmes “Villa-Lobos em Paris”, de Alexandre Guerra e Marcelo Machado; e “Elis & Tom – Só tinha que ser com você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay.
As postagens nos sites especializados, os comentários de críticos e jornalistas especializados e cinema; todos os sinais convergiam para a premiação documental sobre dois ícones da música brasileira erudita e popular.
Outros concorrentes foram exibidos em streaming e de forma presencial, sem muito destaque na cobertura digital e tradicional, como “Dolores Duran – O Clube da Noite”, de Juliana Baraúna e Igor Miguel; “Lupicínio Rodrigues – Confissões de um Sofredor”, de Alfredo Manevy; “Fausto Fawcett na Cabeça”, do moçambicano-brasileiro Victor Lopes; “Miúcha, a Voz da Bossa Nova”, de Daniel Zarvos e Liliane Mutti; “Chiquinha Gonzaga – Música Substantivo Feminino”, de Juliana Baraúna e Igor Miguel; e o não inédito “Ovelha Negra” (2007), de Roberto de Oliveira, sobre a cantora Rita Lee.
O documentário paraense conquistou o prêmio máximo do festival com foco na diversidade da música amazônica a partir de depoimentos de personagens fundamentais como Dona Onete, Manoel Cordeiro, Pio Lobato, entre outros.
A Mostra de Animação e a premiação de “Terruá Pará” apontam para a valorização da cultura local que deve ser exibida, comentada, replicada, marcar espaços na mídia e cada vez mais profissionalizada.
A animação paraense é múltipla e o público também precisa conhecer o trabalho de outros produtores e realizadores como Eliezer França, Luiza Chedieck, Eliane Flexa, Thalyne Cristina, Tami Martins, Rafaela Cândido, etc. Para que esta produção não fique restrita ao público acadêmico, mostras e festivais segmentados.
E fica a esperança que produtores e programadores insiram no calendário cultural local a oportunidade de acesso aos trabalhos exibidos no In- Edit Brasil desse ano, para não ficarmos à mercê da programação exclusivamente por streaming e o conforto doméstico do sofá e do controle remoto.
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