A Semana da Pátria está chegando e pensar a história da Independência vinda dos povos amazônicos e não exógena a eles está em pauta. “A Independência vista de dentro: caminhos e jogos de escala entre o provincial e o local”, organizado pelas historiadoras Magda Ricci e Michelle Barros de Queiroz, é uma resposta a esta questão, apontando alternativas possíveis para entender a Independência a partir de uma perspectiva local. Elas e os também autores da obra Carlos Augusto Bastos, Cleodir da Conceição Moraes, Marinelma Costa Meireles, Odair Giraldin, Siméia de Nazaré Lopes e Sueny Diana de Oliveira Sousa estarão hoje (22) a partir das 17h no estande do Instituto Histórico e Geográfico do Pará na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar, em Belém, para um bate-papo com os leitores e sessão de autógrafos.
A independência do Brasil, em 1822, foi muito mais que um jogo político tramado às margens do Ipiranga ou nas cortes de Rio e Lisboa com financiamento inglês. Nos jogos de escalas, que hoje rondam os estudos contemporâneos no campo da história social e, em especial, da história social da natureza amazônica, é mais do que tempo de revisar a concepção conceitual sobre o termo “provincial”, desassociando-o da ideia de “provincialismo”, ou de qualquer tipo de reducionismo geográfico, histórico, político ou cultural. Aquilo que há algum tempo se denominou de história das “margens” ou “periferias” ganha relevo, sobretudo agora que a manutenção das florestas e das populações tradicionais são mais do que uma prioridade nacional.
Magda Ricci é mestra, doutora e pós-doutora em História, livre-docente e professora titular da Universidade Federal do Pará, uma das fundadoras do Programa de Pós-graduação em história social da Amazônia, no qual atua desde 2004. Dirigiu o Arquivo Público do Pará e dirige o Centro de Memória da Amazônia desde 2021, onde coordena um projeto de pesquisa, organização e digitalização documental judiciária e cartorial. Estuda micro histórias de lutas políticas/sociais travadas pelos povos colonizadores de ascendência europeia e os “povos” e “gentes” amazônicas, em larga medida formada por indígenas, negros de diferentes matrizes étnicas africanas e mestiços. Sua tese de doutoramento, premiada pela Unicamp, foi publicada com o título “Assombrações de um padre Regente. Diogo Antonio Feijó”. Como fruto do pós-doutorado, publicou um livro síntese de coletânea intitulado “Os oitocentos na Amazônia”.
Michelle Barros de Queiroz é mestra e doutoranda em História Social da Amazônia, professora efetiva da Escola de Aplicação da UFPA e sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Desenvolve pesquisas sobre o período imperial no Grão-Pará, com ênfase na produção de Filippe Patroni. Atuou como educadora de museus e coordenadora de documentação e pesquisa do Sistema Integrado de Museus e Memoriais da Secretaria de Cultura do Estado.
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