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Em todo o Pará, de vez em quando uma embarcação afunda ou fica à deriva, balsas se chocam, derrubam pilares de pontes em concreto e destroem trapiches de famílias ribeirinhas, navios naufragam, poluem os rios, pessoas morrem e ficam mutiladas ou feridas, mulheres são escalpeladas, e ninguém toma providências. Tudo continua a acontecer de novo, perpetuando um círculo vicioso que já deixou incontáveis órfãos. Inclusive porque não há estatísticas oficiais no modal hidroviário. Nenhum órgão sabe quantas embarcações navegam nos rios da Amazônia, quantos acidentes acontecem e muito menos o número e a identificação de vítimas e dos responsáveis. Na maior bacia hidroviária do planeta, o transporte fluvial é caro, desconfortável e inseguro. Só descobrem superlotação e falta de equipamentos de segurança quando resultam em tragédia. Hoje (6), por volta de 1h da madrugada, o ferry boat São Domingos III, que fazia a viagem de Belém para Oeiras do Pará, foi abalroado pela balsa Maria Carolina, da empresa Nortelog, perto da Ponta Negra, município de Muaná, no arquipélago do Marajó.

Tripulantes e passageiros viveram momentos de terror. Um homem idoso, natural de Curralinho, teve fratura exposta e uma das pernas decepadas, e faleceu dentro do navio da linha de Portel, que parou para prestar socorro e transportou os quatro feridos em estado mais grave para Belém. Outras embarcações se deslocaram ainda durante a madrugada para socorrer as vítimas e levá-las até a unidade de saúde mais próxima.

O resgate continuou quando clareou o dia. Há informações desencontradas sobre pessoas que ficaram à deriva e estariam desaparecidas, mas a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental – que conduziu os feridos a um porto, onde foram socorridos, e irá instaurar inquérito administrativo para apurar as causas da colisão – garante que ninguém está desaparecido e nem houve poluição do rio. Vejam as fotos e os vídeos.

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