O Relógio do Juízo Final (The Doomsday Clock) é um projeto concebido para conscientizar o público sobre a iminência da destruição mundial por meio de tecnologias desenvolvidas pela humanidade, mantido pelo Painel de Ciência e Segurança da revista Bulletin of the Atomic Scientists, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Funciona como um alerta constante dos perigos que ameaçam a Terra e da necessidade de enfrentá-los para assegurarmos a sobrevivência no e do planeta.
Quando o Relógio foi estabelecido, em 1947, o maior perigo para a humanidade eram as armas nucleares, especialmente diante da crescente tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, que apontava para uma corrida armamentista nuclear. Foi somente em 2007 que o Bulletin incluiu em suas considerações para a definição manual do Relógio as possíveis perturbações catastróficas decorrentes das alterações climáticas, expandindo assim seu escopo para abranger ameaças mais amplas.
Hoje, dia 23 de janeiro de 2024, o Relógio do Juízo Final foi definido para 90 segundos da meia-noite (que, metaforicamente, seria o apocalipse da Terra). Esta configuração, que coloca o mundo a apenas um minuto e meio do “fim”, não é exatamente uma novidade e sim uma repetição do ajuste de 2023, refletindo a perigosa situação global e alertando para problemas como as guerras na Ucrânia e Faixa de Gaza, perigos nucleares, crise climática, ameaças biológicas, avanços na tecnologia de engenharia genética e o potencial impacto da inteligência artificial no ambiente global de informação. Durante a transmissão online do anúncio do Relógio do Juízo Final de 2024, estas questões foram discutidas juntamente com a falta de ação para combatê-las, o risco de futuras pandemias e os avanços na tecnologia.
O cientista educacional Bill Nye, the Science Guy, um dos participantes do anúncio, enfatizou a necessidade de ação imediata diante dos perigos alertados pelos cientistas ao longo das décadas. O relógio parado, como atestou Rachel Bronson, presidente e diretora executiva do Bulletin, não indica estabilidade. Pelo contrário, é um apelo urgente para que governos e comunidades ao redor do mundo ajam de forma decisiva. O ex-governador da Califórnia e presidente executivo do Bulletin, Jerry Brown, lamenta a trajetória perigosa em que os líderes mundiais estão conduzindo o planeta. Brown destaca a necessidade de cooperação entre as grandes potências para evitar uma catástrofe iminente.
No começo do Relógio, Eugene Rabinowitch – então editor do Bulletin – era quem tomava a decisão sobre a necessidade de mover o ponteiro. Cientista, fluente em russo e uma liderança no movimento internacional de desarmamento, ele mantinha um diálogo constante com cientistas e especialistas tanto dentro quanto fora dos governos em diversas partes do mundo. Com base nessas conversas, ele definia a posição apropriada para o ponteiro do relógio, explicando seu raciocínio nas páginas do Bulletin. Após o falecimento de Rabinowitch, em 1973, o Conselho de Ciência e Segurança assumiu a responsabilidade do projeto e começou a se reunir a cada dois anos para analisar eventos globais e ajustar o Relógio. Composto por cientistas e especialistas em diversas áreas, incluindo energia nuclear, alterações climáticas, tecnologias disruptivas e biossegurança, eles frequentemente oferecem aconselhamento especializado a governos e agências internacionais. A consulta a colegas em diversas disciplinas é uma prática comum, assim como a busca pelas opiniões do Conselho de Patrocinadores do Bulletin, que inclui nove laureados com o Prêmio Nobel. No site oficial é possível consultar todas as informações sobre o projeto, como a declaração oficial deste e de todos os outros anos, uma linha do tempo do Relógio e até mesmo a playlist com músicas que inspiraram a pesquisa do Conselho de Ciência e Segurança (que, se permitem a opinião desta que vos escreve, é sensacional).
Podem assistir ao Anúncio do Relógio do Juízo Final aqui:
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