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O Dia Internacional da Mulher foi celebrado com uma programação ecológica educativa, hoje de manhã, no campus da saúde da Universidade Federal do Pará, um local mágico e cheio de desafios urbanos e ambientais que está sendo trabalhado pela administradora dos bosques da UFPA, Gina Calzavara, e sua legião de apoiadores voluntários. A convivência Trilha Igarapé do Sapocajuba saiu dos bosques sustentáveis e foi até o portão 4, que dá acesso ao Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. Ao longo do percurso as pessoas apreciaram a vegetação e seguiram em direção ao instigante e invisível igarapé do Sapocajuba, que vem pedindo SOS, e passaram também por muitas jovens árvores-homenagem pelas vítimas da Covid 19, que precisam de cuidados especiais e de proteção para crescerem fortes e saudáveis, enriquecendo a arborização do campus da saúde, tão carente de sombra.

Os alunos bolsistas Jordan Rezende e Sérgio Vasconcelos (Ed. Física) e Lázaro Lima (Farmácia), além de voluntários, prepararam com a ajuda da engenheira florestal Tatiana Castro, da Prefeitura Multicampi, varas de bambu que serviram de cajado dos trilheiros, pintaram tubos-bancos sustentáveis para uma breve parada técnica e também ajudaram a plantar seis mudas adultas de buganvília (Bougainvillea) em camburões azuis (área sujeita a alagamento), levando muito colorido, beleza e biodiversidade para a Trilha Igarapé do Sapocajuba. Após o percurso todos retornaram aos bosques para confraternizar pelo dia das mulheres e também pelos onze anos dos bosques sustentáveis.

Para combater os excessos que sugam a saúde física, emocional e mental, tirar um tempo para exercitar o corpo e conectar à natureza é terapêutico, considera Gina, uma revolucionária do bem, cujas iniciativas estão humanizando o campus do Guamá, em Belém. Além do plantio de árvores frutíferas, de flores e plantas medicinais, oficinas de compostagem e de pintura em cerâmica, troca de livros e mudas, aproveitamento de madeiras de demolição para construção de passarelas de pedestres em meio aos bosquinhos, ela ainda consegue cozinhar, duas vezes por semana, em um fogão a lenha construído por um professor doutor da própria universidade, e oferecer o almoço para os trabalhadores do campus.

Gina ensina que é preciso criar estratégias saudáveis para superar o esgotamento pandêmico, e caminhar é uma opção democrática e gratuita, além do fato de o campus da UFPA ser belíssimo e aproveitar o esforço institucional para mantê-lo o melhor cuidado possível é dever de cidadania. Os bolsistas Jordan Rezende e Sérgio Vasconcelos (Ed. Física/ICED) ofereceram a prática do Projeto Exercício Físico Integrado aos Cuidados na Atualidade Pandêmica. Invisível para muitos, mas extremamente precioso para o futuro da cidade universitária sustentável que precisa ser construída, o Sapocajuba serpenteia pelo campus profissional da UFPA.

Gina recebeu do ex-reitor Prof. Dr. Carlos Maneschy o desafio de criar uma proposta que desse finalidade aos Bosques Camillo Vianna e Benito Calzavara, nominados em 1994 pelo ex-reitor Prof. Dr. Marcus Ximenes, em reconhecimento ao mérito dos visionários que contribuíram com a realização dos Trotes Ecológicos. Em 2018, o atual reitor, Prof. Dr. Emmanuel Tourinho, investiu na revitalização dos bosques para maior acessibilidade e funcionalidade, através do projeto elaborado pela Profa. Dra. Regina Brabo, do ITEC.

Desde outubro de 2020, um trabalho voluntário, proativo, instigante, provocativo e inédito tem descortinado um trecho importante do Igarapé do Sapocajuba e despertou o interesse de professores pesquisadores com expertise na solução dos problemas urbano-ambientais complexos. Ambos os trabalhos (Bosques Sustentáveis e Igarapé do Sapocajuba) estão fortemente conectados e compartilham plantas, ferramentas, bolsistas, voluntários e parceiros na idealização de espaços de convivência que privilegiem pessoas e as boas práticas acadêmicas e ambientais focados na missão da UFPA.

“Gina sai daí, é perigoso, tem bandidos, cobras, carapanãs, o rio Tucunduba fede, não tem recursos, estamos com pena de você, estão te chamando de doida, você casou com os bosques, você ainda está por aí, vai para casa, você é insuportável, é incrível, mas nem a pandemia da Covid 19 te tirou dos bosques…” são alguns dos conselhos que Gina ouve, mas não obedece.

Ela prefere observar que “flores atraem borboletas, joaninhas, louva-a-deus, passarinhos… Flores levam vida e humanização aos espaços e enriquece a beleza da cidade universitária. É provável que a maioria das pessoas não lembre o que fez no dia internacional da mulher do ano passado. Acreditamos que visitar o campus da saúde será memorável para os que vivenciarem a ação extensionista, pois há muito trabalho envolvido pensando nos usuários da área da saúde, afeto e empatia, lágrimas de saudades pelo luto pandêmico de tantas famílias e acima de tudo comprometimento socioambiental envolvido na proposta. A Trilha Igarapé do Sapocajuba coloca foco de atenção no campus da saúde em tempos de pandemia da Covid 19.”

A MENINA DOS CACHINHOS NEGROS

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