0

A cidade de Roma anunciou o início de testes com um smartwatch desenvolvido para proteger mulheres de perseguições e violência de gênero. Segundo o chefe da promotoria da capital, Francesco Lo Voi, o dispositivo estará conectado diretamente ao centro de operações da polícia local e será um recurso para mulheres em situações de perigo. O projeto piloto foi apresentado na Procuradoria de Roma e as primeiras unidades serão testadas por mulheres selecionadas por ser encontrarem em condições de vulnerabilidade. Ainda não há data oficial para uma distribuição mais ampla do relógio, segundo as informações divulgadas pela ANSA.

O aumento preocupante nos casos de violência na capital italiana foi ressaltado pelo vice-procurador Giuseppe Cascini: “As projeções indicam um crescimento nos casos de violência, com a possibilidade de alcançarmos até quatro mil ocorrências por ano a partir de 2024.” Em 2023, a polícia italiana registrou 3,7 mil processos criminais relacionados à violência contra mulheres, uma média de mais de dez incidentes por dia. O smartwatch vai permitir que as usuárias acionem rapidamente a polícia em situações de emergência, agilizando a resposta das forças de segurança. Este sistema de alerta tem como objetivo diminuir os índices de agressões e oferecer maior segurança para as mulheres na cidade, visando servir como exemplo de como a tecnologia pode ser empregada de forma positiva para resolver problemas sociais graves e melhorar a segurança pública.

O uso de smartwatches para o combate da violência de gênero foi testado em 2019 por cem mulheres, durante um ano, na Austrália. Desenvolvido pela StandbyU Foundation, o software permite que as vítimas não só gravem situações de violência mas também possam usar estas gravações como evidência contra os agressores. Mulheres que enfrentam violência podem apertar um botão em seu relógio para ativar um alerta, permitindo que redes de apoio escolhidas a ouçam, localizem e organizem a ajuda necessária. O alerta passa por uma lista de contatos selecionados, realizando chamadas regulares e permitindo uma chamada em conferência para todos os membros que atenderem, facilitando a coordenação da assistência. O software pode ser programado em relógios ou dispositivos que possuam um cartão SIM e tenham a função de fazer chamadas. O teste, comissionado pelo governo federal australiano, constatou que 93% das participantes disseram que o relógio aumentou significativamente sua segurança. Todas as mulheres pesquisadas também relataram melhorias no bem-estar emocional e na saúde mental ao utilizarem o relógio. Um relógio com a programação instalada e uma assinatura de 12 meses entrou no mercado australiano em 2020 e, com dinheiro arrecadado através da caridade, começou a ser distribuído para a população de baixa renda.

Em março de 2024, o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil, através da Operação Átria, voltada para combater a violência de gênero, registrou um aumento de 63% nos atendimentos às vítimas em comparação com os 79,5 mil casos registrados no mesmo período de 2023. Além disso, houve um aumento significativo no número de medidas protetivas de urgência solicitadas, totalizando 68 mil pedidos em 2024, frente aos 37,9 mil em 2023. As denúncias também cresceram consideravelmente: foram 30,8 mil denúncias de violência de gênero em março de 2024, em comparação com 17,4 mil no ano anterior.

Apesar da possibilidade de acesso a smartwatches pela população ainda ser consideravelmente menor, no Brasil também é possível fazer uso da tecnologia no combate à violência de gênero, inclusive em tempo real, através de aplicativos para telefones celulares desenvolvidos para oferecer suporte e criar uma rede de apoio às vítimas. Entre eles estão o PenhaS, que oferece suporte para mulheres em relacionamentos abusivos, proporcionando informações, diálogo sigiloso, apoio e uma rede de acolhimento, e que tem um botão de pânico para situações de emergência; o Juntas, no qual as usuárias, em situações de perigo, podem acionar a rede para pedir ajuda, além de conectar mulheres de todo o país, criando uma rede de proteção e empoderamento e facilitando o acesso a pesquisas e informações úteis sobre violência contra mulheres; e o Mete a Colher, que conecta vítimas de violência doméstica a voluntárias que oferecem apoio emocional, orientação jurídica e ajuda para inserção no mercado de trabalho, sendo acessível apenas para mulheres e mantendo a confidencialidade através de chat anônimo, onde conversas são apagadas a cada 24 horas para garantir a segurança das usuárias.

Bolsas para estudantes de Comunicação Social

Anterior

No Marajó, prisão domiciliar para estuprador de criança

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários