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4 de agosto de 1578.

Na Planície de Alcácer-Quibir, na África, trava-se uma das maiores batalhas portuguesas contra os mulçumanos. Os portugueses sofrem fragorosa derrota e seu rei, D. Sebastião, nela perece. Mas seu corpo não foi encontrado…
Abre-se uma crise na sucessão do trono português, que acaba sendo ocupado por Felipe, da Espanha. E Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil, passaram a ser governados pelos reis espanhóis, no período de 1580 a 1640.
Mas, como o corpo não foi encontrado, muitos portugueses acreditaram que o Rei Sebastião ainda vivia e que retornaria para salvá-los do jugo espanhol. Nascia, assim, o Sebastianismo.

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Esta espera pela figura do “salvador da pátria” estendeu-se ao Brasil e, em particular, ao Norte do País, principalmente na área que compreende parte do litoral do Maranhão e do Pará. Da Ilha dos Lençóis, no Maranhão, às praias paraenses do litoral, há muitos lugares nos quais está viva a lenda do Rei D. Sebastião. Sua presença é também marcante nos cultos afro-brasileiros, nos quais é cultuado dia 20 de janeiro.
A crença reza que, ao desaparecer na Batalha de Alcácer-Quibir, o Rei D. Sebastião foi encantado e ficou reinando um reino igualmente encantado que se localiza justamente no litoral do Maranhão e Pará.
Segundo Anaíza Vergolino-Henry , no artigo São Sebastião, o Santo, o Orixá e o rei-fidalgo encantado, na tradição religiosa jêje-nagô, de São Luis e Belém, canta-se o seguinte :
Rei, Rei, Rei Sebastião
Rei, Rei, Rei Sebastião
Se desencantar Lençol
Vai abaixo o Maranhão

Roberto Machado e Paulo Baiano, no CD A Lenda do Rei Sebastião, registraram pequena variação no Tambor de Mina :
Rei, ê Rei, Rei Sebastião
Rei, ê Rei, Rei Sebastião
Quem desencantar Lençol
Vai abaixo o Maranhão

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No litoral paraense há acidentes geográficos identificados e incorporados à Lenda do Rei Sebastião, como por exemplo a Ilha de Maiandeua, no Município de Maracanã, que é encantada e em seu interior possui um lago onde mora uma princesa igualmente encantada e que é filha do Rei Sebastião. Também a Ilha de Fortaleza (ou Ilha do Rei Sabá, como também é chamada), no Município de São João de Pirabas, apresenta a famosa Pedra do Rei Sabá, que se tornou objeto de culto religioso, principalmente depois que a prefeitura daquele Município mandou erguer estátuas de quatro entidades do culto afro-brasileiro: Mariana, Iemanjá, Jarina e Zé Raimundo, inauguradas dia 20 de janeiro de 2002.

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Pescadores da região contam muitas histórias relacionadas ao Sebastianismo, das quais recolhemos a seguinte, ouvida em 1997 de Francisco Rodrigues da Silva, mais conhecido por “Velho”, há época contando 76 anos.

Walcyr Monteiro
Escritor, Jornalista, Educador, Poeta, Folclorista, Licenciado em Ciências Sociais e Bacharel em Economia.

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