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Não consigo me conter. As agressões que o jogador Vini Jr sofreu na Espanha me deixaram revoltado a ponto de me segurar na poltrona e de lagrimar de raiva, indignação e revolta, quando vi um jovem de 22 anos cercado e hostilizado por um estádio inteiro, incluindo adversários, juízes de campo e do VAR, mais próceres do Valencia. Um dos adversários aplicou-lhe um “mata leão” durante bom tempo até que escapou. E foi expulso. Onde estavam Militão e Rodrigo, negros, brasileiros, que não o defenderam? Onde estava Ruddiger, negro. Onde estavam Benzema e Modric, um argelino e outro croata, que também são alvos de racismo? Onde estavam os companheiros de equipe que não se retiraram do campo de jogo? O jovem de 22 anos lagrimou, o que me deixou mais furioso. Ainda não conheço a Espanha mas, sinceramente, não quero mais. Torcia pelo Real Madri mas agora não sei mais. A hostilidade já dura mais de ano e certamente, pela inação das autoridades que foram informadas serviram para garantir liberdade a esses racistas imbecis, vis, maus e sórdidos. Europeus invadiram a Africa, Brasil e daqui levaram todas as riquezas que puderam. Trouxeram escravidão. Agora que recebem de volta os antes escravizados, não querem admitir. O racismo contra Vini Jr é porque ele, negro é amplamente superior aos jogadores espanhóis. Tem o desplante de aplicar dribles desconcertantes e fazer belos gols. É o melhor jogador do mundo.
Tenho um filho negro. Aos 22 anos, é um rapaz bonito, ético, generoso e educado. É brilhante. Formado pelo Bolshoi, tem matrícula no Curso de Direito trancada porque foi contratado pelo melhor grupo de balé do Brasil, O Corpo, de Minas Gerais. Passei o dia assistindo às reportagens e boquiaberto com reações racistas de jornais, dirigentes e até idiotas argentinos, acusando a vítima de ser causador de incidentes. Não é somente a Espanha racista. A Europa é. Mas manifestações como a culminância de mais de um ano contra Vini Jr são a gota d’água. Ele deveria rescindir contrato. Espanhois não o merecem. Seus companheiros, inclusive os brasileiros, covardes, não o merecem. Aos 22 anos já está rico, merecedor de altos salários por sua competência e talento. Vai para outro país. Volta pro Brasil. Será sempre seleção brasileira e até um salário, que merece, condizente, alguns clubes daqui podem pagar. Europeus continuam pilhando a Africa e Brasil, por exemplo, mais particularmente em nosso Pará. E ainda mandam de volta, manufaturados, para adquirirmos os produtos pagando caro. Adoro futebol. Vivo ligado assistindo aos jogos. Vinha acompanhando com raiva crescente a situação do brasileiro. Ultrapassou tudo. Que esse Valencia seja rebaixado. Que fique sem receber torcedores em seus jogos por 1 ano ao menos. O Madri também podia ser apenado, pois foi empurrando com a barriga em nome de patrocinadores que agora têm seu nome manchado. O país está manchado. Racistas, covardes, vis, sórdidos! O futebol pode muito bem, com seu alcance incomensurável, servir como outdoor definitivo nessa luta pela igualdade racial. O comentarista de futebol Grafite, disse que enquanto juízes não forem negros, estes não ganharão nenhuma causa. Entendo, mas juízes devem aplicar a lei, podendo ser brancos, negros, amarelos, o que forem. Uma corte para cada côr é regularizar o racismo. Desculpem o desabafo, mas hoje passei o dia com um gosto amargo na boca, precisando gritar minha revolta. Espero, de alguma maneira que este escrito sirva para algum leitor me dar razão.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte.

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