A promotora de justiça Ângela Maria Balieiro Queiroz, pelo Ministério Público do Estado, e o procurador Patrick Bezerra, do Ministério Público de Contas do Pará, acompanharão a contratação da obra de reconstrução da ponte Enéas Pinheiro, que interliga os distritos de Icoaraci e Outeiro, em Belém, cujo pilar central desabou e ainda está em andamento a apuração das circunstâncias e responsabilidades. A estrutura deverá ser redimensionada, adotando o estaiamento, de modo a permitir a ampliação do vão central para cem metros (atualmente é de 60m), e já preparando a base para futura duplicação das pistas, considerando o crescimento populacional e da demanda na ilha. A solução de engenharia também vai facilitar a navegação na área.
A ponte também será totalmente restaurada, desde os pilares remascentes, tabuleiro, guarda-corpos, pista de rolamento em asfalto e vai receber a instalação de defensas de proteção, conforme informação do secretário de Estado de Transportes, Adler Silveira.
A ponte estaiada é considerada a principal solução para vencer grandes vãos. O recurso é empregado no cruzamento de rios ou canais que necessitem de espaço para passagem de embarcações. Em distâncias maiores que 150 metros nada justifica a utilização de outra solução que não esta, já que ela é a alternativa mais moderna, bonita e economicamente viável hoje, pontuam os engenheiros especialistas. Em vãos mais curtos, porém, o custo fica mais elevado.
Quatro elementos principais compõem esse tipo de ponte: os estais, os mastros, o tabuleiro e a fundação. Todos fazem parte de um sistema integrado. Os estais não são nada sem o mastro que, por sua vez, não tem função sem o tabuleiro, que é sustentado pelos estais. Cada parte tem sua relevância e, se a fundação começa errada, a ponte está fadada a cair.
Conforme a direção dos estais, as pontes estaiadas são classificadas em harpa (os cabos correm paralelos a partir do mastro, a altura de fixação do cabo ao mastro é proporcional à distância entre o mastro e o ponto de fixação deste cabo ao tabuleiro) e leque (os cabos conectam-se ou passam pelo topo do mastro). O mais bonito é o modelo em harpa, mas as pontes em leque são mais baratas. O indicado é mesclar as alternativas na mesma ponte.
O tempo de construção da ponte estaiada depende, basicamente, dos recursos disponíveis e do tamanho. O governador Helder Barbalho ainda não dispõe do projeto básico.
A ponte sobre o rio Guamá, da Alça Viária, a primeira a usar essa tecnologia no Pará e uma das pioneiras em todo o Brasil, tem vão central estaiado com 320m e vãos menores de 131m, mastros com cem metros de altura e vãos de acesso em vigas pré-moldadas com 30m de extensão, totalizando 1.932 m de comprimento total. A ponte sobre o rio Moju, reconstruída com estais e renomeada ponte União, tem dois vãos de navegação com 134 metros divididos pelo mastro, ambos suportados por quarenta estais, distantes 12 metros um do outro.
Uma medida que se impõe é a instalação de dolfins, sistema de defensas flutuantes que pode ser reforçado por blocos em concreto para proteger a estrutura de eventuais colisões com embarcações. Além disso, a adoção do modal hidroviário não só como alternativa de transporte, reduzindo a poluição, congestionamento de vias e acidentes, como também para aproveitamento turístico, com geração de novos negócios e empregos, e incentivo a esportes náuticos olímpicos como remo e vela. Uma cidade amazônica com 39 ilhas refém do rodoviarismo é algo que contraria o bom senso.
A foto é da Ponte União, sobre o rio Moju.
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