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Belém é detentora do triste título de capital do barulho. O ruído excessivo causa uma série de doenças e interfere diretamente no modo de vida humano e também dos animais. Provoca e agrava surdez, doenças psicológicas e psiquiátricas, afeta o desempenho e o bem-estar. Poluição sonora é crime. Mesmo assim há muitos indivíduos que não respeitam as leis, nem vidas alheias e usam equipamentos sonoros em altíssimos decibéis, com o que cai vertiginosamente a qualidade de vida da população. Além de estressar até à loucura pessoas, a poluição sonora atinge os bichos que vivem em ambientes como o Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, o Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi, o Jardim Botânico/Bosque Rodrigues Alves e praças públicas de Belém, que deveriam ser locais de sossego. No Conjunto Arquitetônico de Nazaré, por exemplo, os periquitos que habitavam samaumeiras e mangueiras desapareceram: os que não foram exterminados acabaram expulsos pelos fogos de artifício que literalmente matavam os passarinhos de susto.

Animais silvestres como capivara, cotia, preguiça, macaco, tucano e jacuraru são alguns mamíferos, aves e répteis que circulam livremente nas Unidades de Conservação, constantemente bombardeados pelos barulhentos sem noção. Os bichos dependem do som para tudo, desde encontrar um companheiro, buscar alimentos, evitar predadores, transmigrar. Os pássaros chegam a mudar a frequência do canto para serem ouvidos por outros animais, o comportamento é alterado em razão da exposição contínua a estímulos sonoros.

Parece incrível que alguém vá a um parque e ao invés de contemplar as belezas cênicas e ouvir os sons da natureza submeta seres humanos e animais a barulho, que no mínimo deveria ouvir através de fone de ouvido. Lugares criados com o objetivo de preservar ecossistemas naturais, estimular pesquisas científicas e incentivar o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, incluindo o turismo ecológico, os parques são ideais para cuidar da saúde com práticas esportivas e lazer: caminhadas, corridas, passeios de bicicleta, rapel, tirolesa, boia cross, passeios ecológicos por trilhas, em contato direto com a fauna e flora da região. Não há como conhecer a diversidade de vegetação, árvores com mais de cem metros de altura, lagos, piscinas naturais, formações rochosas, observar a vida silvestre sem desconectar dos equipamentos eletrônicos.

Da mesma forma, não é possível existir uma sociedade com gente saudável em face ao desrespeito e certeza de impunidade que fazem com que produtores de eventos se sintam livres para perturbar a vizinhança inteira em nome de seus interesses particulares.

Clubes de futebol, boates, bares e casas de shows realizam gigantescas festas em volume ensurdecedor que mesmo com janelas fechadas e ar condicionado ligado é impossível descansar nas redondezas. Na periferia da cidade, onde não existem comodidades, a situação é aterradora. Isso sem contar que os frequentadores ficam na frente desses estabelecimentos a madrugada inteira, até de manhã, gritando palavrões, bêbados. Desassossegam idosos, adultos, bebês e animais, mas raramente são incomodados.
Sons estridentes de aparelhagens com suas vinhetas em carros tunados passam em altas horas por bairros residenciais e em frente a hospitais e alguns ainda estacionam, prolongando ao máximo a tortura mental. Não interessa a esses tipos se pessoas doentes ficam assustadas, se bebês acordam chorando, se adolescentes e jovens não conseguem estudar, se trabalhadores não podem descansar. Se existe algo que realmente não funciona é a Lei do Silêncio. Pois é certo que, com milhares de denúncias, nenhuma providência efetiva é tomada.

Na Rua da Felicidade, em condições subumanas

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