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Antônio Roberto de Azevedo, viúvo de 57 anos e sem filhos, vivia há anos em situação de extrema pobreza em uma casa de um cômodo, sem portas nem janelas e condições degradantes: sem banheiro, móveis, colchão nem eletrodomésticos básicos, como fogão e geladeira – vejam só! – na Rua da Felicidade, bairro de Água Cristalina, Ilha de Caratateua, distrito de Outeiro, em Belém do Pará. Os vizinhos, todos também pobres, dividiam a pouca comida que tinham com ele. Um deles teve a ideia de filmar o lugar e postar nas redes sociais. Alguém marcou o meu nome. Quando vi encaminhei imediatamente ao WhatsApp do prefeito Edmilson Rodrigues e lhe pedi que socorresse aquele pobre homem. Edmilson, sempre sensível às causas sociais, determinou imediatamente à Fundação Papa João XXIII o devido amparo e a inclusão dele no Programa Bora Belém, entre outros benefícios sociais a que faz jus, de modo a garantir sua dignidade e acesso aos direitos básicos. O presidente da Funpapa, Alfredo Costa, logo me enviou mensagem relatando as providências.

Uma equipe do Centro de Referência de Assistência Social de Outeiro acionou a equipe da Unidade Municipal de Saúde para o atendimento emergencial. O coordenador do Cras Outeiro, Anderson Claudino, disse que a situação do homem era angustiante e que todas as medidas necessárias já foram encaminhadas, inclusive foi providenciada uma vaga em espaço de acolhimento institucional. Mas o senhor resiste, não quer ser abrigado. É necessário que ele seja avaliado quanto à saúde mental e se tiver condições de administrar a própria vida o melhor é ajudá-lo a construir e equipar a sua casinha para que more em condições dignas para um ser humano.

Este é um caso isolado que representa os mais de 16 milhões de pessoas que estão passando fome no Brasil, vivendo em meio ao lixo e à lama. As ruas de Belém estão repletas de famílias em situação de rua. Há filas que dobram o quarteirão na Av. Magalhães Barata, esquina com a Rua 3 de Maio, onde a Churrascaria Boi Novo distribui sobras de comida aos necessitados, após a hora do almoço, por volta das 15 horas.

A Prefeitura de Belém não dispõe de receita para atender a toda a demanda premente. Deveria se unir ao Ministério Público do Estado do Pará e outras instituições para buscar ajuda humanitária das multinacionais instaladas na região metropolitana. E cabe às classes mais abastadas um mínimo de solidariedade. Se todas as empresas contribuíssem com doações de alimentos e outros itens necessários, certamente a realidade seria transformada.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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