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Na próxima sexta-feira, dia 8 de julho, a cantora e cineasta Gabriella Florenzano e o poeta e escritor João de Jesus Paes Loureiro ministrarão, em conjunto, um workshop sobre a representação feminina nas artes da Amazônia, com foco na poesia, no imaginário e no cinema contemporâneo paraense, durante a programação da Summer School on Art & Cinema da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, no Porto.

Através da leitura-performance de “‘Romance das Icamiabas’, ‘Conori’ e ‘O poeta e a Icamiaba’”, o workshop inicia com uma conversa-debate sobre as representações femininas na cultura poética amazônica, com suas personagens do imaginário perpetuadas através da tradição oral – lendária e mitológica – indígena e cabocla. Em seguida, serão exibidos o curta-metragem “Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro, e trecho do longa-metragem documental “3 Marias”, de Gabriella Florenzano (ainda inédito) para suscitar a discussão sobre a representação da mulher para a atualidade, através do cinema feito na Amazônia.

Gabriella Florenzano é de Belém do Pará, amazônida brasileira, doutoranda em Ciência e Tecnologia das Artes e pesquisadora do Centro de Investigação em Ciências e Tecnologia das Artes da Universidade Católica do Porto. É graduada em Comunicação Social e em Canto Lírico, pós-graduada em Ópera e Estudos Músico-Teatrais, diplomada em Teatro Musical e mestra em Cinema Documental. Sua carreira passa por palcos brasileiros no Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina; Estados Unidos, México, Alemanha, Itália, França, Espanha e Portugal. Dirigiu e atuou em curta-metragens exibidos em festivais brasileiros e europeus. Seu primeiro longa, “3 Marias”, documentário sobre três missionárias que lutam contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó (PA), está em fase de pós-produção. Além disso, é editora adjunta do Portal Uruá-Tapera e professora.

Respeitado e aclamado internacionalmente como um dos mais prestigiados intelectuais do Pará, João de Jesus Paes Loureiro é professor de Estética, Filosofia da Arte e Cultura Amazônica, na Universidade Federal do Pará. Mestre em Teoria da Literatura e Semiótica pela PUC/UNICAMP, São Paulo e Doutor em Sociologia da Cultura pela Sorbonne/ Paris, França, tem Licenciatura Plena em Letras e bacharelado em Direito pela Universidade Federal do Pará, expertise na área de Artes e Comunicação, pesquisa e atua com os temas Arte, Comunicação, Imaginário, Amazônia, Cultura, Cultura Amazônica, Magistério, Criação Literária, Poesia, Encantaria e Mito. Recebeu o Prêmio Nacional de Poesia, em 1984, com “Altar em Chamas”. Publicou “Cultura Amazônica – Uma poética do Imaginário” em 2001, São Paulo, Brasil e pela Íman Editora, Lisboa, Portugal. Outras obras: “A Poesia como Encantaria da Linguagem, A Conversão Semiótica na Arte e na Cultura (teorias), “Água da Fonte” (poesia). “Café Central – O tempo submerso nos espelhos” (romance). “Encantarias da Palavra” (poesia). Lançou “Cultura Amazônica Hoje – Uma Poética do Imaginário Revisitada” em 2021, e “Andurá – Onde tudo é e não é” (romance), em 2022.

Outra dupla de paraenses também ministrará workshop: Raphael Uchôa e Priscilla Brasil falarão sobre “Raça, ciência e conhecimento indígena como objetos de filmes documentários”.

A Summer School on Art & Cinema da Escola das Artes é uma das conferências artísticas com foco em cinema de maior prestígio da Europa e, todos os anos, atrai participantes-alunos do mundo inteiro. Este ano o tema é Brasil — Dinâmicas Cruzadas da Alteridade.

Para os organizadores do evento, “há uma sensação de impotência histórica quando alguém é confrontado com os acontecimentos perpetrados pelo governo brasileiro nos últimos anos. Um dos resultados mais significativos dessa linha de ação é uma política de terra queimada em relação às trajetórias dialéticas. Subtrair ou negar as possibilidades de dinamismo trazidas por tais trajetórias significam proibir as transições, as transgressões e a transversalidade que elas implicam, assim lacerando o tecido repleto de camadas que constituem o Brasil e a América do Sul.”

Nesse sentido, os conceitos de entrelaçamento e movimentos pendulares são fundamentais para entender a complexidade da cultura brasileira das últimas décadas, que parecem prosperar em trajetórias bipolares: magia e ciência; local e universal, o que se observa em Aquário, de Kleber Mendonça Filho, ou nos jogos epistemológicos sinusoides de Apiyemiyekî?, de Ana Vaz. Esses movimentos também permitiram a artistas portugueses a imersão nas convulsões políticas e históricas da geografia do Brasil. Assim, tanto a investigação de Susana de Sousa Dias sobre Fordlândia quanto o projeto de vida de João Salaviza / Renée Nader Messora na comunidade Krahô evidenciam a necessidade de compreender outras alteridades e negociar visões de mundo muito diferentes.

Na Porto Summer School deste ano, os participantes estarão imersos nessas discussões, participando de workshops diários com os artistas convidados, entre práticas artísticas, atmosferas criativas e um mergulho histórico e contemporâneo nas epistemologias do sul.

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