A pavimentação das BR-163(Santarém/Cuiabá), BR-230 (Transamazônica), BR-318(a Transoceânica, no trecho Bragança/Viseu), duplicação da BR-316 no trecho de Castanhal a Santa Maria(PA), derrocamento do pedral do Lourenço, hidrovias Tocantins/Araguaia, Tapajós/Teles Pires/Juruena e do Marajó são obras, como diz o caboclo, de Santa Engrácia. Ou seja, que não têm fim. Há décadas a lenga-lenga do governo federal se repete, promessas são renovadas a cada quatro anos quando se buscam votos, mas nada acontece. E, espantosamente, a sociedade parauara silencia.
Para quem não sabe a origem da expressão popular “É como as obras de Santa Engrácia…”: nos anais da paróquia portuguesa, ficou registado um incidente na noite de 15 de janeiro de 1630, conhecido por “O Desacato de Santa Engrácia”. Lisboa preparava-se em grandes festejos para celebrar o nascimento do príncipe herdeiro que receberia o nome de Baltazar Carlos e que era filho de Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Atribuiu-se o atentado sacrílego a um cristão-novo, ou seja, um judeu convertido. Houve comoção popular e logo lançaram pregões de que nenhuma pessoa, sem nova ordem, saísse de sua casa e percorreram toda a cidade os ministros da justiça inquirindo quem saíra na noite anterior e onde havia estado. Simão Pires Solis, sendo perguntado onde estivera, não respondeu; disseram ser homem turbulento e cristão-novo e por eles foi condenado a ser queimado vivo, cortando-lhe primeiro as mãos. Sofreu o suplício em três de fevereiro de 1631. Mas Simão Solis era inocente e naquela noite apenas rondara o Convento de Santa Clara para namorar uma religiosa, sendo a causa da sua desgraça o despeito e ciúmes de um rival, Dr. Gabriel Pereira de Castro (1571-1632), um dos juízes que condenou o apaixonado cristão-novo. É assim que se conta que: «ao encaminhar-se para o suplício, o condenado profetizara ser tão certo estar inocente do que o acusavam, como nunca se haverem de concluir as obras de Santa Engrácia!». A frase se tornou uma maldição. As obras da nova igreja permaneceram inacabadas mais de dois séculos. (In “Monografia da Paróquia de Santa Engrácia (Lisboa) alusivas ao 4.º Centenário da sua Fundação”.
Já outra versão do significado da expressão deve-se ao fato de a construção da igreja de Santa Engrácia, situada na freguesia de São Vicente de Fora, onde é hoje o Panteão Nacional, ter demorado cerca de 350 anos a ficar concluída. Quanto aos motivos dessa demora, convém consultar o relatório do IPPAR, que apresenta a versão oficial, aqui.
Esperemos que a demora por aqui não seja tanta.
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