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Uso uma frase brincalhona a respeito de supostos acontecimentos, na ilha de Fernando de Noronha, tendo como protagonistas, atores globais, para contar a vocês do novo livro de Marcos Quinan, “O Nome da Pedra”. Amante da pesquisa, o goiano foi fulminado pela curiosidade sobre o conjunto de ilhas que hoje, tem é um dos melhores destinos turísticos do país. O gatilho foi a passagem pela ilha de um parente, proprietário de uma empresa que restaura patrimônio histórico. A equipe de prospecção fez suas análises e fotos mas um de seus integrantes fez uma descoberta intimamente importante, na inclusão do nome de seu pai em uma lista, escrita na rocha. Até então, a família não sabia o que foi feito dele, desde que sequestrado por forças da ditadura dos anos de chumbo.

Em capítulos curtos mas cheios de informação, emoção e história, esta Fernão de Loronha, que depois virou Fernando de Noronha, foi ocupada por holandeses, piratas, contrabandistas e enfim, portugueses que decidiram construir um presídio para onde mandaram todos os que lhes desagradavam. Eram assassinos, políticos, trapaceiros, contrabandistas, ladrões, ciganos, uma festa. Lá, a maioria vivia em liberdade. Não havia como escapar. Com o tempo, famílias chegaram e uma comunidade formada. Na época da República de Pernambuco, mandaram derrubar tudo. Reconstruíram quando Portugal retomou. O nosso Angelim passou um tempo lá, recluso. Passava o tempo escrevendo e pensando. Revoltosos aos montes passaram por lá. Alguns cumprindo prisão perpétua, outros que ao final da pena, preferiam continuar em Noronha. Há uma história bonita, envolvendo moça do lugar, filha de um dos líderes de comunicade que apaixona-se perdidamente por um piloto americano, na Segunda Guerra Mundial. Iam casar. Ele foi chamado para a África. O avião nunca chegou. Ela o esperou até o fim. Quinan o acompanha desde que esteve baseado em Belém, frequentando os cabarés, teatros, ouvindo Waldemar Henrique e conversando com Proença, até chegar a Natal e após, Noronha. Durante a ditadura, houve uma boa convivência com os soldados. Havia normas de boa conduta, acordadas de parte a parte. É livro saboroso, para ler e aprender, escrita com prosa deliciosa, precisa e quando deve, sonhadora.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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