Publicado em: 25 de outubro de 2024
Para quem trabalhou, estudou e viveu uma vida inteira no mundo da Comunicação, é quase obrigatório ler este segundo volume que Boni, um dos gênios brasileiros está lançando. É preciso saber que para chegar ao patamar alcançado, não foi da noite pro dia. Desde jovem, procurou emprego e atuou em rádio, mundo da música, publicidade e televisão, desde o começo dos anos 60, quando tudo estava em experimentação. Mesmo assim, por onde passou espalhou competência e criatividade, já deixando momentos inesquecíveis. Cito apenas a melodia que marcou a Varig durante muito tempo, “Varig, Varig, Varig”. Era também um momento auspicioso em que alguns dos nossos melhores artistas, jovens, iniciavam suas carreiras e tudo era possível. Quando chegou à Globo, havia muitos problemas, sobretudo financeiros, passando por incêndios e a chegada de novas maneiras de transmitir imagens. A Globo era no Rio e os paulistas, que tinham sua Tv Globo não queriam abrir mão de sua grade de programação. Nomes como Dercy Gonçalves, Chacrinha, Silvio Santos já se destacavam, quando chamando outros profissionais excelentes, começou a impor o “Padrão Globo de Televisão”. É muito curioso perceber que o tal padrão sempre contou com programas de alta qualidade, inteligentes, talentosos, diferente do que a televisão aberta tem hoje, mais preocupada com audiência entre o povão. Claro, naquele tempo, penso que os aparelhos de tv ainda não estavam nos lares das classes menos abastadas. Mas a lista dos autores, atores, músicos e cantores é absurda. Ler o livro, para quem já tem uma certa idade, é rever programas inesquecíveis, tantos que não há como citar. Também se dizia que a Globo retratava o Brasil do Leblon, o que influiu inclusive no sotaque de muitos Estados. Também já não é assim. E Boni, tão brilhante, tão simpático, não era toda essa alegria toda. Nem poderia ser, dirigindo uma empresa daquele porte, sobretudo sendo a palavra final do que tinha ou não qualidade. Difícil de lidar porque competente e sabendo atuar em todas as áreas, ficava terrível quando contrariado. Saiu magoado com a emissora, que sequer o homenageou ao tirá-lo, friamente de seu cargo, oferecendo outro, meramente decorativo. Boni e sócios é proprietário de uma rede regional de televisão, que atua no interior de São Paulo e leva sua vida, na boa. Mas o que ele representa para a Comunicação no Brasil é imenso.
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