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A intransigência do governo pode causar grandes males ao Estado do Pará. Há treze dias centenas de indígenas de dezenas de etnias ocupam a sede da Seduc, reivindicando a exoneração do secretário de Educação, Rossieli Soares, e a revogação da lei nº 10.820/2024, que afeta também as comunidades quilombolas e ribeirinhas. Ao invés de negociar, o governo insiste em impor situações, numa estratégia desastrosa. A crise se agrava mais a cada dia, já ganhou visibilidade planetária e a sociedade paraense apoia os manifestantes. Além de movimentos sociais, entidades de defesa dos direitos humanos e do meio acadêmico, o Ministério Público Federal tem se posicionado com firmeza e inclusive está lutando judicialmente para garantir os direitos solapados. A ONU já foi acionada e também está com o abacaxi nas mãos. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, postou na sexta-feira um vídeo nas redes sociais sobre o caso e veio a Belém conversar pessoalmente. Hoje ela ouviu as lideranças e se dispôs a mediar a solução. Apesar do anúncio do governo, não começaram as aulas na rede pública estadual, porque as escolas aderiram maciçamente à greve dos professores. O movimento está coeso e não abre mão de sua pauta. A cada dia chegam caravanas de indígenas em reforço ao movimento.

Até a atriz, cantora e compositora basca Itziar Ituño, famosa por interpretar a personagem Raquel Murillo nas séries La Casa de Papel e Berlim, já gravou vídeo apoiando a causa.
Ninguém ignora que os países ricos e as corporações multinacionais só querem um pretexto para deixar de investir na Amazônia, ainda mais depois da posse de Donald Trump na presidência dos EUA. Sem falar que estados do Sudeste estão de olho em qualquer oportunidade para retirar de Belém a sede da COP 30. O governador Helder Barbalho, que soube construir com maestria uma imagem internacional, está perdendo seu protagonismo. Quanto ao custo político, só saberemos após as eleições do ano que vem.

Uma regra básica da política é saber dialogar, o que pressupõe aceitar embates ideológicos e a convivência pacífica entre os contrários. Saber recuar e admitir erros é um ato de coragem e sabedoria. Já passou da hora de o problema ser encarado com habilidade e por um fim em algo tão simples de resolver mas que se transformou em um monstro que poderá acuar o governo sob as vistas do mundo inteiro.

Assistam aos vídeos para entender melhor o que está acontecendo.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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