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 Integrantes da Comissão Estadual da Verdade
 Cerimônia de instalação da Comissão
 Mesa oficial na solenidade de posse dos membros da Comissão. Fotos: Sinjor-PA
Hoje, no Hangar, estudantes pediram para fazer o registro
Ao instalar a Comissão Estadual da Verdade do Pará, em nome do governador Simão Jatene, o secretário especial de Promoção Social, Professor Doutor Alex Fiúza de Mello, ex-reitor da UFPA, fez um discurso irretocável. Realçando a importância da Cabanagem e da Guerrilha do Araguaia, movimentos aos quais a historiografia nacional não faz justiça por terem acontecido na região Norte do Brasil, e contextualizando o golpe de 1964 nas relações internacionais, disse que a expectativa é de que a contribuição da Comissão à memória dos fatos políticos ocorridos na segunda metade do século XX seja de fato substantiva ao resgate dos acontecimentos havidos e que, somada às demais, reescreva, com seriedade e lucidez, esse difícil e doloroso capítulo da História nacional que foi o regime militar implantado em 1964. “A memória é condição e fator fundamental para a construção da identidade de um povo, de uma nação. Ainda que toda “verdade” represente uma interpretação dos fatos, torna-se decisivo o recurso à fidelidade empírica na demonstração e a possibilidade dos contraditórios possíveis. O golpe militar de 1964 e a ditadura que lhe sucedeu não é um evento isolado e restrito às fronteiras brasileiras, mas exprime um momento particular da história mundial: a guerra fria. Sempre é um enorme desafio escrever a História: a interpretação do passado , com a consciência do tempo presente posterior. Qualquer ditadura deve ser rechaçada dos valores e dos ideais humanos. Pois não há ditadura “de direita” ou de esquerda”. Somente ditadura, barbárie. E todas são condenáveis“, acentuou o secretário Alex Fiúza de Mello, advertindo que este é um trabalho que desafiará os seus atores, pois muita coisa ficou por ser revista, analisada e identificada, já que a maioria dos documentos da época ficou impedida de vir a público. 

Com peso simbólico, a instalação da comissão foi no Espaço Cultural São José Liberto, que na época da ditadura funcionava como presídio e recebeu diversos presos políticos, alguns deles presentes na cerimônia e que foram homenageados, como Hecilda Veiga, Eneida Guimarães e Marga Rothe. Hecilda, mãe de Paulo Fonteles Filho, é um dos símbolos vivos da resistência naquele período. “Eu acredito que a Comissão vai nos trazer resultados importantes, para que nós possamos esclarecer tudo isso, todas essas histórias terríveis que nós vivemos. Eu mesma fui presa e torturada aqui neste local, mesmo grávida eu fui torturada. Agora eu posso dizer que há uma sensação de alívio de ver que nós nos aproximamos de consolidar aquilo que vem sendo a nossa proposta desde 1977, quando criamos a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos: o nosso direito à memória, verdade e justiça. E vamos ficar todos cobrando para que essa Comissão possa de fato realizar a investigação desses fatos, para que isso nunca mais se repita na história brasileira”, declarou. 

As atividades da Comissão começaram hoje cedo com um seminário  no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, que contou com três mesas de debates, quando os membros da comissão falaram sobre os desafios e as perspectivas da investigação, trocaram informações com representantes de outras comissões que estão em andamento no País e ouviram as contribuições do público presente, formado por técnicos, estudantes, professores, pesquisadores e demais interessados no assunto. 

O painel “A ditadura no Brasil e as experiências das Comissões da Verdade” teve a participação de Egydio Salles Filho (presidente da Comissão Estadual da Verdade do Pará), Dorival Costa(da Comissão da Verdade do Amapá) e o representante a Comissão da Nacional da Verdade, sob a coordenação de João Lúcio Mazzini e Paulo Fonteles Filho. “A questão da Ditadura na Amazônia”, com participação da professora doutora Edilza Fontes, presidente da Comissão da Verdade da UFPA,  e do procurador Paulo Klautau Filho, foi coordenado por Paulo Fonteles Filho e Marco Apolo Leão; e “As tarefas do Parlamento e a luta pela Verdade, Memória e Justiça”, do qual participaram o deputado Edmilson Rodrigues e os vereadores Sandra Batista e Fernando Carneiro, coordenado por Franssinete Florenzano e Paulo Fonteles Filho. 

Alunos da Escola Estadual Raymundo Martins Vianna, do Parque Verde, e representantes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), participaram do evento, o dia inteiro.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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