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O mundo em que vivemos se constitui por várias dimensões: matéria, tempo e espaço que, inicialmente, comandam a pequena estrutura que habitamos. 

O tempo é a expansão da subjetividade, o espaço é a operação da objetividade e a matéria é a realização da causalidade, pilares de nossa existência incidental.

Einstein que marcou o século XX, alertava que essas proporções são congêneres, imperativas, porém relativas no absolutismo de outra dimensão, que comanda com grandeza imensurável todos os fenômenos físicos da nossa existência.

A energia seria a grandeza que transforma realidades, valendo-se da dimensão que gerencia o mundo que participamos, como navegantes ou náufragos, na unidade da inteligência que engendrou este intrincado sistema interplanetário.

Alguns relatos históricos, famosos e soberbos, que orientam nossas vidas, podem ter sido escritos por várias mãos, várias pessoas e em vários tempos, como por exemplo a Ilíada e a Odisseia, poema épico de 15.693 versos, atribuídos a Homero (acontecimentos ocorridos no período de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Troia).

Nesses poemas, se encontram ideologias políticas, códigos, poesia, teatro, religião, valores culturais, organização social, estruturas de Estados, mitos, religião e democracia, adotados, atualmente, por quase todos os povos do planeta, marcando definitivamente a história da humanidade.

A própria Bíblia, escrita, segundo a tradição cristã, por 40 autores, entre 1500 e 450 a.C. (Antigo Testamento) e entre 45 e 90 d.C. (Novo Testamento), totalizando um período de quase 1600 anos, também é aquela que nos oferece valiosas experiências ligadas à imperfeição da condição humana.

Por terem essa provável característica, a de terem sido batizados por inúmeros autores, vários profetas, vários escribas, seus conteúdos derramam energias sobre nossas trajetórias, iluminando os agrestes existentes em nosso curto espaço de tempo.

No antigo Testamento e o nome já diz, testamento, como herança deixada aos que viriam posteriormente, há um Livro chamado Eclesiastes que faz parte dos livros poéticos e sapienciais da Bíblia cristã e judaica, situado depois do Livro dos Provérbios e antes dos Cântico dos Cânticos.

O Livro tem seu nome emprestado da Septuaginta – a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego – e faz parte dos poemas atribuídos tradicionalmente ao Rei Salomão, por narrar fatos supostamente ocorridos em sua vida.

O Eclesiastes é um ensinamento que explica uma concepção de vida baseada na profundidade da justiça, estabelecida na citada expansão da subjetividade chamada tempo, em qual operam tolerância, resignação, paciência, verdade e crença, sendo sua maior lição a compreensão de sua representação.

Tudo tem o seu tempo determinado”, diz o poema bíblico, e “há tempo para todo propósito debaixo do céu” profetiza o verso. Muitas vezes não sabemos esperar por coisas que desejamos, querendo sempre antes de seu tempo, como uma fruta sem estar madura, dai a prudência deste que acontece em seu devido tempo.

Um adágio contemporâneo ensina que o valor das coisas não se encontra no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem, havendo momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis dentro do ano que se renova, do tempo e do humano que representamos.

Ernane Malato
Ernane Malato é escritor, jurista, humanista, mestre e doutorando em Direitos Humanos pela PUC/SP e FADISP/SP, professor e pesquisador da Amazônia em diversas áreas sociais e científicas no Brasil e no exterior, membro das Academias Paraenses de Letras, Letras Jurídicas, Jornalismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Pará, atualmente exercendo as funções de Cônsul Honorário da República Tcheca na Amazônia.

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