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Quem se dedicar a estudar a história do Círio de Nazaré, terá de voltar ao final do século XVIII, e a partir dali conhecer um período importante da história do Pará. Mas quem quiser ir além, até a época da ocupação da região por povos indígenas, precisa visitar o Museu do Encontro, no Forte do Presépio, em pleno ponto de origem da capital paraense, no bairro da Cidade Velha. Como o próprio nome diz, o Museu promove um encontro entre o colonizado e o colonizador, transportando o visitante para um mundo em que até a antropofagia era permitida.

O acervo inclui objetos produzidos pelos povos nativos da Amazônia: machados, lâminas, raspadores e rocha usada para fazer fogo, que datam da idade da pedra.
Há peças em cerâmica, confeccionadas por habitantes do Arquipélago do Marajó, que desapareceram 200 anos antes da ocupação europeia. São utensílios que representam ícones da natureza. Algumas dessas peças eram usadas como urnas funerárias, para sepultamento secundário (os ossos do morto, após a decomposição, eram pintados de vermelho e colocados nas urnas, junto com os pertences pessoais), e outras serviam oferendas às divindades durante rituais religiosos.
O Museu dedica uma vitrine especial às várias técnicas de fabricação do muiraquitã, amuleto que, segundo a lenda, era ofertado pelas amazonas aos guerreiros com quem se relacionavam. As peças expostas foram produzidas a partir de vários tipos de minerais, como jadeíta, nefrita, actinolita e amazonita.
O Museu também mostra documentação deixada pelos colonizadores, por meio de quadros e fotografias. A antropofagia é retratada nas telas. O que hoje pode parecer crueldade, para os nativos era um ritual de fortalecimento. Eles só comiam a carne daqueles que consideravam corajosos, e dessa forma acreditavam ficar mais fortes.
Após conhecer esse universo instigante, o visitante ainda pode apreciar a vista da Baía do Guajará e do Ver-o-Peso, ao lado de um dos canhões no Forte do Presépio.
O Museu do Encontro faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais, e funciona de terça-feira a domingo, de 10h às 16h. O ingresso custa R$ 2,00, com meia para estudantes. Às terças a visitação é gratuita, assim como para idosos e menores de 10 anos. O Museu também recebe visitas de estudantes, previamente marcadas pela direção das escolas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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