0

Primeira mulher a assumir a presidência do Tribunal de Contas do Amazonas há seis anos, a conselheira Yara Lins dos Santos, 66, única mulher entre sete homens na corte, foi eleita para comandar o TCE-AM nos próximos dois anos (biênio 2024-2025). Mas ela vive uma situação surreal e hoje denunciou, em coletiva à imprensa, que no dia da eleição, 3 de outubro, ao cumprimentar seu concorrente Ari Moutinho Jr. – que é corregedor da corte – foi agredida com palavras de baixo calão e ameaças. “Bom dia nada, safada, puta, vadia, eu vou te f…’ porque a Lindôra, da Procuradoria da PGR, vai te f… junto ao STJ”, disse o conselheiro, alardeando suposta intimidade com a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

Yara foi à Delegacia Geral da Polícia Civil, hoje (6), acompanhada por dois outros conselheiros, Josué Claudio e Luiz Fabian Barbosa, registrou BO, e declarou que vai judicializar o caso.

O momento dos insultos foi gravado em vídeo, mas o conselheiro agressor sustenta que – vejam só! – fez carinho nela e não a ofendeu.

Para completar a situação, o presidente do TCE-AM, Érico Xavier Desterro e Silva, divulgou nota oficial dizendo que “não se encontrava presente, não recebeu qualquer comunicação ou solicitação referente ao assunto ocorrido e que, igualmente, não foi previamente informado” sobre a entrevista coletiva concedida hoje pela conselheira insultada.

A advogada da conselheira, Catharina Estrella Ballut, foi comparada a uma cadela pelo promotor Walber Nascimento, em episódio que causou a aposentadoria dele.

“Não está aqui a conselheira, está aqui uma mulher que foi covardemente agredida no Tribunal de Contas, dentro do plenário antes da eleição, para me desestabilizar”, declarou a vítima, que denunciou Ari Moutinho por injúria, tráfico de influência e ameaça.

Ari Moutinho foi indicado para o TCE-AM em 2008, pelo então governador Eduardo Braga (MDB), hoje senador. Conselheira de carreira, Yara ocupa uma cadeira no tribunal desde 1989, atuando dentro da área de auditoria, e afirmou que, em mais de 40 anos no órgão, nunca viveu situação similar.

“Tenho 47 anos de tribunal e já passei por muitas coisas, mas essa foi a primeira vez que fui agredida. Eu sou a única mulher. Tenho que dar o exemplo para que as mulheres denunciem os agressores. Eu não fiz a denúncia como conselheira, e sim como mulher”, acentuou.

Como mulher, mãe, profissional e servidora pública, repudio a conduta do agressor e também a do atual presidente, que tem o dever de apurar e não ser conivente com atos de misoginia, ameaça e agressão.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Posse de Vicente Fonseca na APL dia 13 de novembro

Anterior

Adeus a Dom Mauro Morelli

Próximo

Você pode gostar

Comentários