Nos primeiros acordes de repique da bateria da Escola de Samba da Matinha, a passista Tânia Espindola, 49 anos, já se emocionava. “Desfilo há 26 anos, mas toda vez a adrenalina é renovada. Quando escuto a sirene anunciando o início do desfile, o coração dispara em busca do título para a minha escola”, revelou a cabrocha da Escola de Samba da Matinha.
Com 44 anos de fundação, a agremiação integra o grupo especial da capital paraense desde 2014 e neste ano trouxe o enredo “Epaminondas Gustavo: chama o pessoá, o caboclo d’odivelas vai passa”. A homenagem, que contagiou o público, foi ao jurista, ativista pelo direito das crianças e ator paraense, Cláudio Rendeiro, que dava vida ao personagem Epaminondas Gustavo.
O público assistiu a um desfile irreverente, com o estilo do homenageado, que retratou a cidade natal de Epaminondas: São Caetano de Odivelas, passando pela sua cultura local e pelo seu regionalismo.
As fantasias da Escola da Matinha trouxeram um compromisso sustentável, com a utilização de descartáveis, garrafas pet e cerca de dois mil CDs que foram reutilizados nos carros alegóricos.
A Escola de Samba da Matinha foi a quarta escola a entrar na Aldeia Cabana de Cultura David Miguel na madrugada deste sábado, 2 de março. A escola trouxe três alegorias, dois tripés, 16 alas e cerca de dois mil brincantes.
Uma das foliãs mais felizes da Escola de Samba da Matinha era a porta-bandeira Ana Clara Aguiar. Com 27 anos, ela é portadora da Síndrome de Down e realizava um sonho de infância ao levar o estandarte da escola. Ao seu lado, estava a mãe de Ana Clara. Waldelina Aguiar se dizia realizada ao ver que uma escola de samba proporcionou à sua filha uma noite tão especial. “Por filho a gente faz tudo. A felicidade, o sonho realizado da Ana Clara é também o meu”, disse a mãe comovida.
*Texto de Syanne Neno
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