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O bispo emérito da Prelazia do Marajó, Dom José Luis Azcona, reuniu com o reitor da Universidade do Estado do Pará, professor doutor Clay Chagas, e com a vice-reitora, professora doutora Ilma Pastana, a fim de tratar das atividades de extensão que agora, por resolução do Conselho Nacional de Educação, devem representar dez por cento da grade de ensino nas universidades. “Queremos que os alunos sejam bons profissionais, mas também sejam cidadãos e estejam em consonância com o que acontece na sociedade brasileira e possam usar o conhecimento que adquirem na Universidade para também ajudar a solucionar os problemas enfrentados pela população, especialmente a mais necessitada”, disse o bispo do Marajó, acompanhado pela representante do Instituto Ancora Marajó, Meive Piacesi, e pela presidente da Academia Paraense de Jornalismo e membro da Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2, Franssinete Florenzano.

A extensão tem a proposta de ser “um processo interdisciplinar, político, educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino”.

Para o reitor Clay Chagas, o ganho no ensino terá aumento do percentual que já é praticado na Uepa. A vice-reitora Ilma Pastana considera que a Uepa cumpre esse papel na formação dos estudantes, com diferentes iniciativas e estratégias para colocar cada vez mais a extensão como elemento central junto às políticas institucionais da Universidade. No caso do Marajó, existe o campus XIX da Uepa, em Salvaterra, que oferta os cursos de Licenciatura em Ciências Naturais – Biologia e Química, Física, Tecnologia de Alimentos, História e Pedagogia, sob a coordenação da professora Carmelita Ribeiro.

Implantado em 2005, o campus universitário da Uepa em Salvaterra iniciou as atividades acadêmicas na Escola de Educação Tecnológica do Estado do Pará e inaugurou seu prédio próprio em 24 de agosto de 2010, no Km 28 da rodovia PA-154.

A Reforma Universitária de 1968 (Lei 5.540/68) estabeleceu que “as universidades e as instituições de ensino superior estenderão à comunidade, sob a forma de cursos e serviços especiais, as atividades de ensino e os resultados da pesquisa que lhe são inerentes” (Artigo 20).

A criação do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – hoje “Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições de Educação Superior Públicas Brasileiras” – o FORPROEX, em novembro de 1987, entendeu a Extensão como processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade.

Já a Constituição de 1988 consagrou o princípio da “indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (Artigo 207) e a LDB de 1996 (Lei no 9.394/96) estabeleceu a Extensão Universitária como uma das finalidades da Universidade (Artigo 43). Instrumento de mudança social e da própria universidade, tem caminhado junto com a conquista de outros direitos e de defesa da democracia.

O bispo Dom Azcona expôs sua convicção de que a extensão aproxima a Academia das demandas da sociedade, fortalecendo a formação cidadã, e pode contribuir de modo decisivo nas áreas de ciências exatas, ciências humanas, ciências biológicas e ciências da Terra. Pode atuar no campo da formação, cultura, meio-ambiente, na construção de conhecimento interdisciplinar, na qualificação profissional, na EJA – Educação de Jovens e Adultos, na transferência de tecnologia, no desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e novas tecnologias, em estágios e iniciação científica, além da criação de laboratórios e observatórios, desenvolvimento local rural…. Pode trabalhar com o protagonismo infantojuvenil, com a atuação em movimentos sociais, com direitos humanos, esporte, cultura e lazer, formação continuada.

O sacerdote enfatizou que o Instituto Ancora Marajó, com sede em Soure, propõe que as atividades de extensão universitária sejam centradas, prioritariamente, no levantamento e atendimento às necessidades de emprego, renda, moradia, empoderamento das comunidades, tecnologias sociais, saúde, transporte, justiça e segurança, nutrição, enfim, na qualidade de vida, no bem viver das populações mais empobrecidas. Nunca perdendo de vista a produção artística, a sustentabilidade, a educação e a cidadania. E sempre incluindo a participação social, o controle social, a transparência, a incubação de projetos e inovações, formação de conselhos e de conselheiros em direitos humanos, cooperativismo, agroecologia, empreendedorismo, planejamento, gestão.

A reunião serviu para uma salutar troca de ideias acerca da realidade marajoara e da atuação das Universidades. E foram apresentadas solicitações no sentido da promoção de cursos e eventos técnicos e culturais pelo campus de Salvaterra, baseados nas principais demandas da comunidade, com incentivo aos projetos locais e dos municípios do entorno que não dispõem de campus universitário.

Entre os pedidos, ações de cidadania e atendimento à saúde, implantação de sistemas de captação, tratamento e distribuição de água ( no Marajó, embora seja um arquipélago, a maioria dos municípios não dispõe de água potável), oficinas de música instrumental, luthieria, canto coral, musicalização para crianças e adolescentes, canto lírico e popular, jazz, teatro, dança e artes plásticas, implantação de curso de Bacharelado ou Licenciatura em Música, encontros culturais, cursos de formação, masterclasses e concertos, apoio técnico aos projetos de educação musical e artística, capacitação profissional e a realização de festivais.

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