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Os botânicos Fúvio Oliveira e Rafael Gomes, doutorandos do Programa de Pós-graduação em Botânica Tropical do Museu Paraense Emílio Goeldi e Universidade Federal Rural da Amazônia, concorreram com 86 jovens cientistas do mundo inteiro e estão entre os 23 contemplados pelo prêmio da Associação Internacional para Taxonomia de Plantas (IAPT, na sigla em inglês).

Rafael Gomes acaba de ser distinguido pela The Linnean Society of London (Inglaterra), cuja premiação possibilitará ao jovem botânico analisar plantas que se encontram em museus fora do Brasil, além de investir em novas expedições de campo.  Ele estuda a evolução de plantas que ocorrem no alto dos tepuis da Amazônia, gênero chamado Bonnetia, que formam densas florestas nessas montanhas, ecossistema sensível às mudanças climáticas e com alto número de espécies que não ocorrem em outro lugar. Em suas investigações, Rafael usa dados do DNA dessas plantas e informações também de fósseis de cerca de 18 milhões de anos, encontrados no Pará. O objetivo é entender o que aconteceu no passado com o grupo e que pode se refletir na diversidade atual.  A pesquisa vai ajudar a entender melhor como as mudanças climáticas vão afetar as populações dessas árvores no futuro. Com o prêmio da IATP, Rafael pretende visitar as um dos maiores herbários do mundo, no The New York Botanical Garden, nos Estados Unidos. Em seus estudos de doutorado no Museu Goeldi, ele é orientado pelo Dr. Pedro Lage Viana (Coordenação de Botânica/MPEG).

Fúvio Oliveira desenvolve estudo taxonômico integrativo de um grupo de plantas microscópicas chamadas de Radula. A taxonomia é a ciência que identifica, nomeia e classifica os seres vivos, podendo integrar diferentes ferramentas para isso, como análises genéticas e o exame de aspectos morfológicos (a “aparência” dos seres vivos). Com o prêmio, ele quer visitar os herbários históricos do British Museum of Natural History e da University of Manchester, ambos na Inglaterra. As espécies do gênero Radula, estudadas por Fúvio, são amplamente distribuídas no mundo, com maior diversidade nas regiões tropicais e subtropicais, ocorrendo em planícies úmidas a florestas tropicais montanas. As plantas desse gênero são indicadoras de ambientes bem preservados, pois dificilmente se desenvolvem em regiões que sofrem algum tipo de perturbação. “Além de bioindicadoras de ambiente, elas são usadas como ornamentais e algumas espécies apresentam compostos aromáticos e flavonóides. Recentemente, foram descobertos canabinóides em três espécies de Radula. Até então canabinóides eram encontrados somente em plantas do gênero Cannabis (maconha)”. Em seu doutorado, Fúvio Oliveira é orientado pela Dra. Anna Luiza Ilkiu Borges (Coordenação de Botânica/MPEG) e pelo Dr. S. Robbert Gradstein (Meise Botanic Garden, Bélgica/Muséum National d’Histoire Naturelle, França)

A International Association for Plant Taxonomy é uma renomada associação global de taxonomistas e sistematas de plantas, algas e fungos, fundada em 1950. Sistematas são cientistas que investigam as relações evolutivas e de parentesco entre os organismos e, relacionados a eles, estão os taxonomistas, cientistas que nomeiam e classificam organismos. Nessas áreas, a IAPT é responsável pelos mais importantes veículos de publicações científicas na taxonomia de plantas, como a revista TAXON e o Código Internacional de Nomenclatura de algas, plantas e fungos.

Fúvio é graduado em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado do Pará – UEPA (2018), mestre em Ciências Biológicas, área de concentração Botânica Tropical, pela Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA / MPEG (2020). Durante toda a graduação foi bolsista de iniciação científica da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi, onde estudou florística e ecologia de briófitas em diferentes áreas da Amazônia, e estagiário da Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), na gerência de Projetos Minerais não Metálicos. Suas linhas de pesquisa envolvem florística, taxonomia, ecologia e biologia molecular de briófitas, especialmente das espécies da região Amazônica, o gênero Radula e outras hepáticas neotropicais.

 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Veiga de Almeida (UVA-RJ) e mestre em Botânica pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Rafael foi bolsista do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), onde atuou no estudo florístico de plantas vasculares do projeto ”Montanhas da Amazônia” e no manejo da coleção ex situ do Bromeliário. Trabalhou como consultor técnico no Inventário Florestal Nacional, em convênio entre o Serviço Florestal Brasileiro (SFB-MMA) e Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO-ONU), atuando na identificação botânica e manejo de coleções de grupos arbóreos do cerrado nos herbários CEN e UB (Brasília – DF). Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Sistemática, Biogeografia e Taxonomia de angiospermas, em estudos florísticos na Floresta Atlântica, Cerrado, Floresta Amazônica e Pantepui. Atualmente é vinculado ao Instituto Tecnológico Vale, em pareceria com MPEG, colaborando em projetos no âmbito da Floresta Nacional de Carajás e na comparação florística e biogeográfica de vegetações abertas na Amazônia.

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