0

Em Cametá, município histórico do Pará alcunhado Terra dos Notáveis, e onde o prefeito era o diretor do Hospital Regional, a saúde mental vai de mal a pior. Um idoso ficou vinte anos em condição degradante, vivendo em meio a ratos em uma baiuca construída na calçada de uma das principais ruas da cidade. Quando a situação foi denunciada e ganhou enorme repercussão nas redes sociais, o pobre homem foi finalmente resgatado mas já era tarde demais e faleceu duas semanas depois. Agora se sabe de uma moradora de Cametá, Taysa, que sofreu depressão pós-parto há quase cinco anos e, sem tratamento, surta e agride as pessoas nas ruas. Anteontem ela foi vítima de espancamento público por três homens, que jogaram inclusive cadeiras nela. Taysa ficou muito machucada, e nenhum órgão competente tomou providências para protegê-la e garantir o tratamento psiquiátrico de que precisa.

Taysa é uma jovem mulher, de 25 anos, mãe de um menino de 4 anos do qual não consegue cuidar por causa dos surtos – que poderiam ser controlados se ela fosse medicada -, muito castigada pelo abandono afetivo e social a que tem sido relegada, e precisa urgentemente de ajuda profissional. Mora na rua Sobradinho, bairro da Aldeia, e sua família lavrou um documento afirmando não ter condições para cuidar dela, porque são muito pobres, a mãe é idosa e um irmão tem deficiência física. Vizinhos relatam que antes o médico do município visitava Taysa todo dia, fazia a medicação e atendimento, mas acabaram com o programa e, sem os remédios adequados, ela fica agressiva.

Em nota, a prefeitura de Cametá alega que a internação compulsória é proibida, que a paciente teve passagem no Hospital de Clínicas Gaspar Viana, mas sempre volta às ruas, que o caso já foi encaminhado ao Ministério Público e que nem assim foi resolvido “mediante a dificuldade de conciliação entre a paciente, a família e os órgãos responsáveis”. Isso é um absurdo. Essa mulher doente está em situação de extrema vulnerabilidade, sua família já entregou a responsabilidade por ela ao município, através de documento próprio, e é evidente que ela não tem discernimento para administrar a própria vida, estando em perigo real de morte em razão da insensibilidade do poder público e a selvageria de populares. O Ministério Público, a Defensoria Pública e o Poder Judiciário precisam agir urgentemente e garantir os seus direitos constitucionais à dignidade humana, à vida e à saúde, que estão acima da legislação ordinária e da burocracia insensata.

Uruá-Tapera

Agosto Dourado

Anterior

Viadutos na BR-316

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários