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A vida é sempre muito pior do que a arte retrata. Enquanto a novela
denuncia o tráfico de mulheres, no canteiro de Pimental, da UHE-Belo Monte, a polícia civil de Altamira, no Pará, encontrou 16 mulheres de 18 a 23 anos, 1 adolescente de 16 e uma travesti em situação de exploração sexual de menor,
cárcere privado, escravidão e tráfico de pessoas.
A operação de resgate foi realizada na noite da
quarta-feira, 13, após denúncia de uma adolescente de 16 anos, que conseguiu
fugir e procurou a conselheira tutelar Lucenilda Lima.
As vítimas eram confinadas em cubículos sem janelas e ventilação e cadeados do lado
de fora das portas. Elas podiam ir à cidade uma vez por semana, mas só por uma
hora, vigiadas o tempo todo.
Eis o dramático relato de
uma das garotas, de 18 anos,
de Joaçaba(SC), onde trabalhava
em uma boate cuja cafetina era “sócia” do dono do prostíbulo no Pará:
Ele [o gerente da boate] saiu
atrás dela [
a adolescente de 16 anos que
conseguiu fugir]
armado e disse
que não custava matar uma, que ninguém ficaria sabendo. Viemos em nove lá de
Joaçaba. Falaram para a gente que seria muito bom trabalhar em Belo Monte, que
a gente ganharia até R$ 14 mil por mês, mas quando chegamos não era nada disso.
Já de cara fizemos uma
dívida de R$ 13 mil por conta das passagens [valor cobrado do grupo]. Aí temos
que comprar roupas, cada vestido é quase R$ 200, e tudo fica anotado no
caderninho pra gente ir pagando a dívida. E tem também a multa, qualquer coisa
que a gente faz leva multa, que também fica anotada no caderno. Depois de cada
cliente, a gente dava o dinheiro para o dono da boate pra pagar as nossas
dívidas, eu nunca ganhei nenhum dinheiro para mim. O gerente da boate dizia que a gente só poderia sair depois de pagar
todas as dívidas, e que nem adiantava reclamar porque ninguém ia nos ajudar,
ele era amigo da justiça e nunca ninguém ia fazer nada contra ele. Mas ele
disse que se a gente falasse, eles iam atrás dos nossos filhos e parentes lá no
Sul
.”
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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