Há exatos três anos, a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental publicou, em 22 de fevereiro de 2019, portaria homologando o calado de 13,5 metros para a navegação pelo Canal do Quiriri, principal acesso ao Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), da Cia. Docas do Pará, via de exportação estratégica do corredor logístico Arco Norte, que fica na margem direita do rio Pará, em frente à Baía do Marajó, formada, dentre outros, pela confluência dos rios Tocantins, Guamá, Moju e Acará. Autorizou também as avaliações para a navegação dos navios com 13,8 metros de calado, solicitadas pelas empresas de navegação à Associação de Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport). Hoje, o governador Helder Barbalho anunciou ter celebrado Convênio de Cooperação Técnica com a Universidade Federal do Pará, destinado aos estudos do aprofundamento dos canais do Quiriri e Espadarte, envolvendo investimento de mais de R$13 milhões do governo do Pará. Especialistas da UFPA analisarão a viabilidade e os limites de dragagem dos dois canais – permitindo o aumento do porte de navios que aportam em Vila do Conde – de modo a favorecer a movimentação de cargas gerais.
Há anos, em decorrência da baixa profundidade desses canais em determinados pontos, passam apenas entre seis ou sete navios. O estudo vai apontar com clareza quais as intervenções necessárias para garantir um fluxo maior e mais eficiente, aumentando o calado para 20 metros. Serão avaliados os aspectos geomorfológicos, hidrológicos e maregráficos, elaborados projeto de dragagem e de viabilidade técnica, executados o levantamento estatístico do movimento de embarcações e a batimetria da área. A previsão da UFPA é concluir o trabalho em cerca de dois anos.
A intenção do governador Helder Barbalho é de que os estudos permitam as intervenções necessárias para garantir que toda a carga dos terminais portuários das associadas da Amport – que congrega as empresas que possuem Terminais Portuários de Uso Privativo (TUP), Estações de Transbordo de Cargas (ETC) e os Arrendatários de Instalações Portuárias na Bacia Amazônica – seja exportada pelo Porto de Vila do Conde com a máxima capacidade permitida, reduzindo o custo de frete e aumentando a competitividade dos produtos no mercado internacional.
“Vamos fazer um levantamento ‘de margem a margem’ da baía do Marajó para identificar possíveis canais que tenham uma viabilidade maior de aprofundamento. A partir do estudo, vamos saber não só quanto teremos que dragar e também a taxa de assoreamento, considerando que o canal se localiza na foz. Tanto o canal do Quiriri quanto o Espadarte são utilizados para o tráfego de embarcações atualmente, mas a ideia é aumentar o nível de profundidade para aumentar esse fluxo e contribuir com a logística do estado”, explica o professor doutor Hito Braga de Moraes, da UFPA.
O assoreamento dos rios sempre foi empecilho à navegação segura até o porto, já que 93% dos navios graneleiros que operam no mundo demandam calado de vinte metros. Em parceria com a Marinha do Brasil, Praticagens que atuam na região e a Amport, os navios conseguem alcançar o porto de Vila do Conde baseados em previsões de marés, com coleta de dados por estações meteoceanográficas. No canal do Quiriri, os trechos críticos situam-se, respectivamente, no través do Cabeço do Joca (8 milhas náuticas a nordeste de Soure) e na Coroa Seca (5 milhas náuticas a sudeste de Salvaterra).
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