Publicado em: 5 de junho de 2025
Em vez de ser uma celebração comunitária, a tradicional festa junina de um colégio particular de Belém, que acontece hoje, tem causado indignação entre famílias de alunos. O motivo? A cobrança de ingressos até mesmo para alunos que vão se apresentar. A situação foi denunciada por uma mãe, que questiona sobre o limite entre eventos escolares e práticas que impõem ônus financeiros excessivos às famílias.
De acordo com o relato, a escola cobra R$70 por pessoa, a partir de 6 anos, para entrada na festa – que, em vez de ser realizada na própria escola, acontecerá no clube mais caro da cidade – incluindo os próprios alunos do ensino médio que vão dançar. Uma família composta por pai, mãe e uma aluna precisa desembolsar R$210 apenas para assistir à apresentação da filha. O ingresso individual não contempla nenhum tipo de consumo no local e nem lugar para sentar. Quem quiser este “luxo” deve desembolsar R$280 por uma mesa de quatro lugares.
O caso se agrava ainda mais em famílias com mais de um filho matriculado. A mãe relatou que, como tem duas filhas em segmentos diferentes (uma no ensino fundamental 2 e outra no médio), precisaria pagar dois ingressos para participar das duas festas, embora ambas ocorram no mesmo dia e local, apenas em horários distintos: às 15h e às 19h. E mesmo que a filha mais nova em questão (os alunos do ensino fundamental ao menos não pagam para dançar), que se apresenta à tarde, queira assistir à dança da irmã mais velha, também teria que pagar um novo ingresso, e vice-versa. “Eu, por exemplo, não vou ver nenhuma das minhas filhas dançar, porque três ingressos pesam demais para mim. E ainda tenho que arcar com o figurino”, desabafa.
A mesma mãe, que tem uma terceira filha no ensino fundamental 1, não assistiu também a apresentação da menorzinha por causa do ingresso individual de R$50 para a festa que já aconteceu separadamente das séries mais avançadas da escola. O que era para ser um momento de confraternização virou uma grande segregação social e familiar.
E como se não fosse suficiente, alunos do ensino médio tiveram que participar de uma “vaquinha”, de valor de R$30 para cada aluno, com a finalidade de pagar uma coreógrafa contratada pela turma que, segundo a mãe, gritou palavrões para a sua filha durante o ensaio, constrangendo a adolescente na frente de toda a escola.
A prática de cobrar ingressos para eventos escolares não é incomum, mas deve haver um mínimo de sensibilidade social por parte das instituições. Apesar do colégio ser considerado de classe média alta, muitos pais fazem um esforço financeiro enorme para proporcionar uma educação de qualidade para seus filhos, além do que há os alunos que são bolsistas, de famílias com menor poder econômico. Festas juninas são eventos tradicionais, que deveriam envolver toda a comunidade escolar, sem se tornarem fontes de exclusão ou constrangimento financeiro. Vários alunos estão tristes porque suas famílias não podem arcar com os custos de suas participações.
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