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Amanhã, a partir das 9 horas, o Movimento Barcarena Livre protesta contra os impactos da indústria de caulim em frente ao Museu de Arte Sacra, em Belém, onde abrirá a Expedição Imerys 2017, mostra fotográfica que irá também a São Paulo, Paris e Estados Unidos e que promove a Casa Imerys, ação de responsabilidade social da Imerys Rio Capim Caulim, que atende jovens, idosos e crianças de Barcarena através de aulas de dança e cursos de secretariado. Embora os fotógrafos mereçam reconhecimento pelo seu trabalho e a iniciativa cultural da empresa seja respeitada, os manifestantes querem chamar a atenção para as operações de alto risco e exigir a implantação de sistemas de controle e produção que evitem contaminação da natureza. Conforme o DNPM, as bacias da multinacional estão entre as mais perigosas do Brasil, ameaçando permanentemente as comunidades de Barcarena, Abaetetuba e Belém, que vivem sob o risco da poluição e desastres iminentes. 

A Imerys opera em seis países com indústrias de caulim, está presente no Pará desde 1996 através da Imerys Rio Capim, e no ano passado teve receita de mais de 4 bilhões de euros. Em 2010, adquiriu a Pará Pigmentos S.A., que pertencia à Vale. Com a estrutura duplicada, tem agora a maior planta de processamento de caulim do mundo e conta com 71% da produção de caulim no Brasil. 

A Imerys se apresenta como “comprometida com a manutenção da ISO 14001, que define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental efetivo, o monitoramento da flora e da fauna ao redor das minas e o reflorestamento”, o que é contestado pelo movimento. O Ministério Público Federal, em uma das inúmeras ações contra a multinacional, observou: “Ao se manifestar perante as autoridades públicas acerca do vazamento ocorrido em 29 de outubro de 2016, a empresa Imerys, reiterando postura já demonstrada em ocasiões anteriores, apresentou informações falsas acerca das causas e consequências do vazamento, o que agrava o problema da falta de confiabilidade acerca das condições de sua operação”.
O histórico é alarmante: em 2006, houve contaminação do lençol freático e poços artesianos por rejeitos de caulim depositados em uma das bacias da Rio Capim Caulim, além de excesso de fuligem. Em 2007, derramamento de mais de 200 mil metros cúbicos de caulim nos igarapés Curuperé e Dendê alcançou também o rio Pará, ao longo de 19 Km, e mais de 7o pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. O abastecimento de água passou a ser feito por caminhões- pipa. 

Em 2008, aconteceu novo vazamento de caulim nas águas do rio das Cobras e dos igarapés Curuperé, Dendê e São João. Os igarapés apresentavam coloração branca e exalavam forte odor e as águas ficaram inutilizáveis tanto para consumo próprio quanto para agricultura e pesca. Na época, a Defensoria Pública do Pará ajuizou ação civil pública contra a Imerys Rio Capim Caulim, requerendo a interdição imediata das bacias.

Em 2010, uma nuvem de fuligem expelida pelas fábricas instaladas no parque industrial poluiu a região. Em 2011, o rompimento de duto com efluentes ácidos novamente atingiu os igarapés Curuperé e Dendê. Em 2012, fissura na tubulação que transporta polpa de caulim entre o porto e a planta da empresa ocasionou vazamento de caulim no igarapé Maricá. Já em 2013, mais um vazamento de caulim afetou o igarapé Curuperé. 

O movimento Barcarena Livre é apoiado por moradores, sindicalistas, quilombolas, professores, ambientalistas, pesquisadores, promotores de justiça e procuradores da República.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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