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Pelo menos 16.400 pessoas morreram no Pará pela Covid-19. Dor, indignação e revolta é o sentimento geral das milhares de famílias paraenses que perderam seus entes queridos por causa da corrupção. De acordo com informações da Polícia Federal, mais da metade do dinheiro destinado ao combate do novo coronavírus foi desviado no Pará e apropriado por uma quadrilha, que usava notas fiscais frias, superfaturava obras, insumos, medicação, equipamentos e serviços – que muitas vezes nem eram prestados -, assim como equipamentos que poderiam salvar vidas também nunca chegaram aos hospitais. Ontem, o programa “Fantástico”, da TV Globo, exibiu reportagem reveladora dos tentáculos da rede criminosa que é responsável por tantas mortes e sofrimento.

Nicolas André Moraes, de 32 anos (foto), é o homem-bomba que intermediou todos os contratos e conhece o organograma da organização criminosa, e que pode ser decisivo na elucidação da teia de corrupção, se estiver disposto a falar, e se não for assassinado antes disso, tal a periculosidade do meio em que atua. Posando de “rei do gado” em leilões e compras de grandes extensões de terra e fazendas produtivas com dinheiro em espécie, desde 2019 ele chamou a atenção da Polícia Federal, do meio político e empresarial. Parecia ter brotado do nada, nadando em dinheiro, ostentando sem vergonha.

A Polícia Federal descobriu que Nicolas tinha acesso ao alto escalão do governo do Estado e indicou quatro organizações sociais que fecharam contratos fraudulentos por cerca de R$ 1,2 bilhão. Instituto Panamericano de Gestão; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui; Associação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu; e Instituto Nacional de Assistência Integral (Inai) gerenciaram nove hospitais do Pará: Hospital de Campanha de Santarém; Hospital de Campanha de Breves; Hospital de Campanha de Belém; Hospital de Campanha de Marabá; Hospital Público Regional de Castanhal; Hospital Público Geral de Castelo dos Sonhos ( Itaituba); Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS) e Hospital Regional dos Caetés. Conforme informações da PF, o governo estadual repassava recursos às OS, que subcontratavam outras empresas para prestarem serviços nas unidades de saúde geridas pelo grupo, prática conhecida como “quarteirização”.

No hospital de campanha de Itaituba, por exemplo, onde milhares de pacientes e suas famílias vivenciaram o desespero da falta de remédios, equipamentos, leitos e insumos cruciais, a unidade deveria ter recebido R$ 8 milhões por mês, mas a quadrilha desviava R$ 5 milhões.

“Não são raros os diálogos [que mostram] que o desvio era superior a 50% daquilo que era repassado”, declarou o delegado federal José Neto, responsável pelas investigações da PF no Pará. Em uma das conversas interceptadas com autorização judicial, Morais diz que “vai precisar de R$ 5 milhões” e que, por isso, a OS deverá “tocar o hospital com R$ 3 milhões e pouco esse mês”. “Eles estavam mais preocupados mesmo em desviar esses recursos da Saúde para compra de gado, de fazenda, de carro e aviões, do que efetivamente utilizar nos hospitais”, declarou o delegado José Neto.

Com o dinheiro que deveria ter salvado vidas, os membros do bando ostentavam vida nababesca e esbanjavam em carros luxuosos, aviões, centenas de milhares de cabeças de gado, imóveis urbanos e rurais. Enquanto isso, seres humanos morriam aos milhares em casa, nas ruas e nos hospitais do Pará, onde faltavam itens como respiradores e ventiladores. Além disso, profissionais de saúde deixavam de receber salário e até hoje lutam para ter o que lhes é de direito. Assistam ao vídeo.

Uruá-Tapera

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