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O controle do setor elétrico gira em torno de um acordo tácito entre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Sarney dá as cartas e indica os principais cargos nas estatais, mesmo quando são de outros setores do partido, mas Dilma monitora todas as empresas por meio de olheiros. Seus aliados têm canal direto com o Palácio do Planalto e podem passar por cima, sempre que julgarem necessário, dos chefes formais. Os casos mais notórios são de Valter Cardeal e Adhemar Palocci (irmão do ex-ministro Antônio Palocci), diretores de engenharia da Eletrobrás e da Eletronorte, respectivamente, que exercem poder paralelo nas duas estatais. Na Eletrobrás, a presidência e a diretoria financeira são ocupadas por afilhados de Sarney. Também é dele a indicação do gestor das seis distribuidoras federalizadas em Estados das regiões Norte e Nordeste. A Eletronorte é reduto histórico de Sarney e do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), mas o conselho de administração da empresa tem entre seus membros Luiz Alberto Santos, subchefe da Casa Civil desde o período do ex-ministro José Dirceu e hoje funcionário de confiança de Dilma.
O desgaste de Sarney ainda não atingiu sua força no setor elétrico. O ex-ministro Silas Rondeau, que o MP denunciou por formação de quadrilha e corrupção passiva, é frequentador da residência oficial de Sarney e mantém assento no conselho de administração da Petrobras. Edison Lobão, o atual ministro de Minas e Energia, é aliado fiel do presidente do Senado. A questão é se a lealdade de Lobão sobreviverá à campanha de 2010. Aos 72 anos, no auge de sua carreira política, o ministro tem pretensões de se candidatar ao governo do Maranhão, mas precisará convencer a governadora Roseana Sarney a não disputar a reeleição. Uma alternativa cogitada por Lobão é disputar com outros pemedebistas a indicação para vice na chapa de Dilma.
O presidente de Furnas, Carlos Nadalutti, é apadrinhado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mas tem o aval do círculo próximo a Sarney. Na diretoria há indicações do PRB do vice-presidente José Alencar, e do senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Mas quem exerce o papel informal de olheiro é o diretor de comercialização, Fábio Resende, irmão do ministro Sérgio Resende (Ciência e Tecnologia), do PSB, ele mesmo petista histórico com trânsito para levar seus recados diretamente ao Planalto. Foi por iniciativa de Resende, por exemplo, que Lula interveio na briga envolvendo o fundo Real Grandeza, mantendo a diretoria atual. Até mesmo no Ministério de Minas e Energia, Dilma mantém ascendência sobre funcionários de segundo e terceiro escalões, exercendo o poder compartilhado com o PMDB.(Fonte: Valor Econômico/Daniel Rittner, de Brasília).
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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