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Leiam este emocionante desabafo que recebi na caixinha de comentários do meu blog. Publico-o com o devido destaque a fim de levar ao conhecimento do governador Simão Jatene o que de fato acontece no Hospital Ofir Loyola.
 
Recentemente fui convidada a fazer uma palestra pela ADESG-PA (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e um médico na plateia denunciou essa situação de descalabro no HOL. A empregada doméstica de minha mãe, que já foi operada duas vezes para extirpar câncer, precisa de iodoterapia, também há mais de um ano aguarda atendimento no Ofir Loyola e não consegue. A última justificativa é que está sendo reformada a ala onde é realizado o tratamento; mas, ao invés de providenciar o atendimento em hospitais particulares para que as pessoas não morram, ninguém faz algo, simplesmente os pacientes – todos pessoas muito humildes – são abandonados à própria sorte.
 
Espero que sejam tomadas as devidas providências em prol da humanização e eficiência do atendimento, e não a costumeira perseguição e punição ao servidor que teve a coragem de trazer a público sua justa angústia. 
 
“Na última quinta-feira(07/dez), por volta das 14:30h, assisti a cenas deploráveis no Hospital Ophir Loyola em Belém do Pará.
 
Pessoas estiradas em diversas macas pelos corredores, em um ambiente fétido, expostos a diversas infecções hospitalares, tomando injeções, soros, sem máscaras, alguns gemendo, outros gritando de dor, auxiliares de enfermagem e até enfermeiras(os) falando alto aos pacientes enfermos e mesmo acompanhantes destes que choravam pedindo um atendimento digno aos pacientes. Pessoas que advindos do interior do Estado, desde as 5h da manhã aguardavam sangue e eram mandados embora ao entardecer, pois o sangue não chegava. Os “profissionais de saúde” vociferavam que “não existia medicamentos”, “não tinham mais nada que fazer” e “que fossem buscar outro Hospital”…
 
Fiquei comovido ao assistir uma menina acometida de retinoblastoma bilateral aos 2 meses de idade, que na época deram a ela apenas mais 3 meses de vida e hoje, apesar de estar com craniocinostose, raquitismo e ter idade óssea de 8 anos, está viva e com 23 anos. A avó que acompanhava desabafou: “se não fosse a família dispor de vários bens para dar um tratamento digno, Bianca já teria partido! O Estado ajuda, mas no TFD com passagens e olhe lá.”
A menina e a avó ficaram mais de 1h e 30min esperando para tomar uma injeção e marcar uma endoscopia, até que quando a auxiliar chegou com o medicamento aplicou-lhe lá fora, sentada em uma cadeira de plástico, e disse: “Se a senhora puder, leve a paciente para um hospital particular, pois aqui tá faltando tudo, tá uma bagunça e o exame, nada está fazendo lá, só particular”.
 
Por um instante, pensei encontrar-me num acampamento de guerra, mas não… Dei-me conta de que estava, realmente, no Hospital tido como referência em Oncologia neste Estado.
 
Diante do fato, as duas foram para o Hospital Beneficente Portuguesa, onde desembolsaram cerca de R$700,00 entre consultas e exames.
 
Sei que são grandes as dificuldades na saúde em todo o País, mas sei também que o Estado recebe verbas fundo a fundo para a manutenção de uma Instituição como esta, assim como sabemos todos enquanto sociedade civil que de nada adianta fazerem ações politiqueiras contratando médicos de outro País para atenderem aqui, se não temos suporte para atender a uma enorme demanda reprimida.
 
Assisto diariamente o Secretário de Saúde do Estado dizer “está tudo bem, tudo controlado”, quando entramos num Hospital deste vemos que a realidade é diferente. Também pudera, ele recebe ordens de um partido político comandado por um deputado que colocou DAS’s muitos sem conhecer o labor desta Secretaria, em detrimento de funcionários antigos de carreira que conhecem profundamente os fundamentos e especificidades contidas no NOAS.
 
Rogo às autoridades deste Estado e deste País que tenham um pouco mais de responsabilidade com a saúde, que estes ou até mesmo um parente não precisem recorrê-la, pois certamente sentirão na pele.
 
É lastimável ver o esforço que o Governador deste Estado faz para manter a qualidade dos serviços públicos, enquanto alguns, em segundos, põem tudo a perder.
 
Sou funcionário público da Secretaria de Saúde do Estado, não temo represálias, pois posso provar e tornarei público. Sei que a menina Bianca já percorreu um enorme caminho, talvez também já esteja cumprindo a sua missão, mas eu cumprirei a minha de SERVIDOR PÚBLICO, denunciando o que está errado no atendimento aos usuários do SUS, pois assim como meu “colega” o qual pode contar comigo Governador Jatene, acredito que podemos fazer mais e melhor! Mas senti-me envergonhado de não poder ajudar minha sogra e minha sobrinha, assim como os pacientes que estavam clamando por socorro no Ophir Loyola.
 
Meu nome: Cláudio Obadia, meu e-mail: caca.obadia@hotmail.com
meu fone: (91) 99853017″
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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